“Cale-se! Acalme-se! O vento parou e tudo ficou calmo” Mc
4,39
SEXTA-FEIRA SANTA, que chama ao
silêncio, ao respeito, à oração de gratidão pelo gesto grande com que Cristo
entregou sua vida por amor a nós, amor sem medida ou julgamentos, amor que acolhe e eleva. Tão sublime que chega a transformar-se num barulho questionador e provocador.
É barulho para quem ouve. É
vibração aos desprovidos de audição.
Diga-se que não é um ruído como
outro qualquer, de melodia, de instrumentos tocando ou de latidos dos cães, das
conversas altas ou gritarias da vizinhança. São dos barulhos que vem de dentro,
das ventanias da vida diária...
Os ruídos que começam a chegar
à mente e ao coração, quando nos dispomos a fazer silêncio em algum canto,
recolhidos e dispostos a alguns minutos de reflexão.
Os ruídos mais barulhentos que
pode haver, porque são os mais difíceis de aceitar, de se ouvir: o ruído da
consciência! Algumas vezes convidando à fuga até!
Neste dia, especialmente, os
ruídos talvez sejam de maiores proporções. Até porque, em referência à palavra
morte, que ressoa com mais vigor porque memória da morte injusta e ignominiosa
de Cristo, com ela, também outras tantas mortes violentas e injustas vão se
repetindo, a cada hora, a cada segundo no meio de nós...
E o silêncio, de ecos ressoando,
transforma-se em agonia, lamento, em interrogações: Quanto vale a vida, por
tantas mortes hoje assistidas? São pais e mães, são filhos. São agentes de
militância, de luta e consciência, de polícia. Jovens e negros os que mais se
matam por este país!
A Via Sacra de Cristo assim não
termina. Continua em cada esquina, em cada canto: a guerra, o tráfico, omissão e
ineficiência; poder e corrupção, relegando-se cada vez a saúde e educação, o
saneamento básico, a água pura e a segurança da população.
E o barulho do silêncio agora delineia
uma pauta, meio que retorcida e levemente esboçada, como que reacendendo a
esperança em meio a tantos sinais de morte, onde a vida de cada humano ser é
preciosa aos olhos de Deus, de seu Filho Redentor, do Espírito de Amor: rezar
pela paz, promover o perdão, cultivar o amor, nutrir compaixão e, sobretudo,
manter acesa sempre a fé na Ressurreição.
Pela Inclusão e pela Vida!
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