Tenho
amigos de várias confissões religiosas e filosóficas. Eles também sabem
da confissão que professo. Com alguns já ocorreu de passarmos longas horas
conversando sobre o assunto, onde é possível perceber que o pano de fundo, ou melhor,
o recheio do bombom é descobrir que dentre todos os detalhes que nos diferencia,
nosso Deus é o mesmo: o Senhor! Claro que já ocorreu, como podem ocorrer
rusgas, coisa normal, mas nada que seja motivo de nos afastarmos pela
diferença de credo. Muito pelo contrário, são nossas diferenças religiosas que
nos fazem ser mais plurais em relação ao Deus que acreditamos, e que é um só e superarmos as desavenças, que promovem e faz crescer.
Por ocasião da celebração da festa de Santo Antônio, houve um momento em que me
lembrei de alguns deles: o padre que celebrava falou com muito vigor sobre a
figura central daquele momento – a presença da pessoa mais importante, que é
Jesus – que entendi como um recado aos que acorrem às festas dos santos
carregando seus problemas, procurando um namorado, buscando por milagres, e se esquece
da figura central e única de Cristo, sem contudo, desmerecer a figura do
próprio santo. E o padre emendou que santos são todos aqueles (vivos ou
falecidos) que fazem de suas vidas caminhos que levam outros para Deus. E santo
Antônio foi um deles, no amor zeloso pelos pobres.
Pobres
- uma exortação tão antiga como atual e concreta para a realidade que vivemos,
onde a santidade se alcança não apenas “lá longe, nos altos céus”, mas aqui e
agora, neste “vale de lágrimas” de nossa terra, no trabalho dedicado a fazer o
bem ao próximo. Seja uma acolhida, visita, uma partilha, uma conversa ou até
mesmo um abraço.
E
olhando para os paramentos daquele padre (que veio de outra comunidade)
observei a simplicidade de suas vestes (paramentos): apenas uma alva branca tão
simples e uma estola (tira comprida que envolve o pescoço, própria dos
sacerdotes) feita de crochê, sem brilho, sem destaque, diferente dos brocados coloridos
a que estou acostumada ver aqui na minha região. Essa observação reportou-me ao
atual Papa Francisco e as constantes transformações que ele vem operando em
favor da igreja, ele próprio tão sóbrio em seu vestir e despojar-se,
conclamando a abraçarmos a causa dos mais pobres.
Não
se trata aqui de fazer apologia da religião, nem lenha para a fogueira, muito
pelo contrário, é uma tarefa de fazer a inclusão acontecer também no terreno inter-religioso,
a começar pelo respeito entre as diversas denominações, suas crenças, práticas
e ações, pois, crer no Deus único nada mais é senão viver o amor que Ele é em
pessoa e quer aceso entre nós, na caridade e na compaixão.
Inclusão
é vida.
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