PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Anônimos, a primeira impressão é a que fica?


ANÔNIMOS, A PRIMEIRA IMPRESSÃO É A QUE FICA?

A caminhada matinal sempre tem um quê de especial além do exercício de movimentar o corpo por um determinado tempo.

Como exercito na praça, por entre árvores e avenidas, que incitam o olhar e o meditar sobre a vida, natureza e o planeta, vez ou outra, acontece de alguém interromper aquele movimento para pedir informação.

Hoje foi diferente: para mim, se há algo que desmonta, é deparar com pessoas profundamente humildes, e essa virtude dá para reconhecer pelo olhar.

O rapaz educado que me interrompeu perguntou sobre determinada rua que eu desconhecia e, ante minha negativa, mostrou um papelote impresso com o nome de um órgão público onde deveria se apresentar e que constava a referida rua, então uma novidade. Reconheci o local, e afirmei que ele poderia alcançá-lo em quinze minutos de caminhada e expliquei como chegar lá. Uma senhora o acompanhava.

Quando terminei de falar, os dois olhavam de tal maneira que aquilo me derreteu. Aí a ficha caiu: será que ele tirou a dúvida grande em relação ao local, ou esta ficou dobrada com os meus argumentos? Será que entenderam???

Perguntei e eles afirmaram com um balançar de cabeça, agradecendo. Sei não, creio que ficaram com vergonha em responder.

Fico cá pensando nos dilemas da comunicação. É tão simples dar uma informação, como também querer ajudar. Pena que, às vezes, esbarramos na forma com que certas pessoas compreendem seu interlocutor e não dão prosseguimento para encerrar o diálogo: - Muito obrigado, entendi perfeitamente! Ou ainda: - Desculpe, mas não entendi, poderia repetir? De modo a possibilitar que a interação seja completada.

Essa realidade é uma constante na vida de pessoas surdas e oralizadas. De minha parte, vivo sempre perguntando! Se não entendo algo que me foi anunciado ou dirigido, pergunto de novo até conseguir realizar o desejo elementar do intelecto. Mas não é sempre que alcanço essas facilidades... mesmo com amigos e conhecidos, muitas vezes fico “boiando”. E se cobro aqueles que não são muito familiarizados, até acontece de acharem que fico no pé! Mas eu fico mesmo, de que adianta a comunicação de “mão única”? Isso não existe.

O engraçado é também que algumas amigas e conhecidos afirmam que já aconteceu com eles próprios, de considerarem eu aparentar ser uma pessoa mal-educada quando me conheceram, pelo simples fato de que falavam comigo, perguntavam algo ou pediam favores e eu não dar retorno, ignorando-os, ou passava direto por eles, simplesmente porque não os ouvia. Até que foram alertados de que a “palavra mágica” que estava faltando naqueles casos era apenas um toque ou então um aceno, ou ainda agitar os braços como se estivesse fazendo estardalhaço, que sempre chama a atenção...

É só assim que funciona para chamar alguém quem não ouve.

Gritar??? É café menor ainda...

Já pensou em quantas pessoas hoje, na rua, devem ter a primeira impressão como a dos meus amigos... Quantos perguntam as horas, buzinam do carro, dão um alô, e eu nem aí...

Fazer o quê? É só de frente mesmo!

Somos todos anônimos...


P.S.: Extraí este post do antigo blog: Inclusão & Sagrado. Resolvi publicá-lo após um fato idêntico (isso é constante, diria normal) ocorrido na semana, quando saía da instituição em que atuo como voluntária. Assim que cheguei à saída, alguém corria atrás desde o pátio para deixar um recado, coisa que nem percebi, nem ouvi, nem vi... Foi cômico!


Inclusão é vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário