PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

segunda-feira, 31 de julho de 2017

SENHAS FALAM?





Aquelas senhas numeradas que encontramos em hospitais, laboratórios e assemelhados são de muita utilidade para quem tem surdez ou deficiência auditiva, pois permite facilitar o atendimento a algum serviço sem maiores complicações. 
Até aí, tudo bem. O que acontece em diante é a necessidade do surdo sempre ter que identificar-se como tal, para que continue recebendo um atendimento que possibilite entender – compreender - e interagir em relação aos demais, ou seja, a senha apenas dá acesso inicial aos serviços, sendo que no momento da consulta ou dos exames, há necessidade da comunicação ser facilitada para que ambos os lados se entendam e sejam entendidos. Esta comunicação pode ser oral, sinalizada, interpretada pelo acompanhante (quando houver) e até mesmo trocada por escrito.

Por ser oralizada e possuir certa independência quando da utilização desses serviços, mesmo assim estou sujeita às desinformações do mundo dos ouvintes. E tenho observado que, se não ficar atenta aos detalhes, perco não só a informação como também o rumo dos fatos.

A verdade é que a inclusão vem promovendo grandes avanços a favor das pessoas com deficiência, provocando a consciência e a transformação na sociedade e nos órgãos públicos em relação ao acesso à informação e aos serviços. Mas, ainda temos encontrado resistências, tornando-se necessárias mudanças atitudinais e estruturais em certos ambientes.

E têm acontecido cenas tão repetitivas, como se fossem ensaiadas em conjunto, que vejo a necessidade dos surdos agirem sem timidez nem receio em todas as vezes que isso ocorrer, como medida de correção de comportamentos fora da realidade. Embora alguns consultórios façam a chamada também pela mesma senha da entrada, refiro-me ao momento em que o prontuário do paciente segue para a sala do médico e pedimos que anexem nele um bilhete avisando que somos surdos e temos necessidade daquele profissional nos chamar de frente, bem à porta, para que possamos atender quando for nossa vez.

É medida simples. Deve ser rotineira até... Até o dia em que as pessoas aprenderem que é simples ser diferente. E normal!

Falando em anexar bilhete, recordei-me de uma das vezes em que o fiz, quando compareci pela primeira vez numa clínica, assim que fui chamada à sala e logo atendida, o doutor pediu licença e virou-se de lado para atender um telefonema. E pude ler o conteúdo do bilhetinho anexado ao prontuário pela recepcionista: “Quando for chamar esta moça, fale bem alto porque ela não ouve”.

Nossa, ele deve ter gritado até que...

Nem ouvi!



Pela Inclusão e pela Vida.




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