Perguntar é preciso! Mas hoje me
esqueci.
Sentada no banco da parada de
ônibus, esperava pelo coletivo que não vinha. Pensei caminhar até outro ponto
com linhas mais disponíveis, porém o cansaço falou mais alto. Até que algo
aconteceu por ali.
Uma avozinha munida de seu
andador também esperava por sua linha, que logo veio. Como ela não aceitou
subir pelo elevador acessível do coletivo, algumas pessoas se prontificaram
ajudá-la a subir escadas acima. A mim coube passar o andador na frente dela,
enquanto os outros a ajudavam na escada. Mas a avozinha que era “braba” exigiu
que eu voltasse com o andador para que ela subisse se apoiando nele. Ninguém
ali entendeu como ela subiria daquela forma tão perigosa e sem se apoiar nas
grades do coletivo. Resolvi então, como medida de segurança, segurar em seus
braços apoiados no andador, até que ela se acomodasse. Instantaneamente, ela
gritou para que eu os largasse, que estavam doloridos. Assustada e sem saber
como agir, deixei-a então subir sozinha pelas escadas...
Os comentários que se seguiram
depois do ocorrido, mostraram o quanto certas pessoas se dispõem a ajudar, mas
que também se sentem inseguras em ‘como ajudar’, no caso, aquela avozinha:
- Puxa vida, como podem deixar uma vó sair sozinha assim na rua, ainda
mais com andador?
-
Olha, eu tive a melhor das intenções, mas acho que ela não gostou não...
-
Nossa, como a gente ia saber que ela estava cheia de dor?
Nesse meio, o ônibus já dava
partida. Da janela a avozinha olhou para mim e fez um aceno como que
agradecida.
Corei de vergonha! Agradecida
do quê? O que foi que eu fiz? Infelizmente não fiz a coisa
certa! Esqueci-me de perguntar se ela precisava de ajuda. A fórmula correta é
perguntando: POSSO AJUDAR?
Mea
culpa porque tantas vezes palestrei, ensinei ou informei sobre maneiras
de auxiliar as pessoas com deficiência. Mais do que atitudes de boa vontade e
disposição em ajudar, o que primeiro devemos fazer é: Perguntar se precisam de ajuda.
Quantos dissabores podem ser evitados
agindo assim.
Perdi ali, inclusive, a chance
de passar adiante a fórmula que educa e orienta a maneira correta de ajudar.
Perguntar é preciso! Infelizmente hoje me esqueci. Há males
que vem para bem.
Ainda bem!
Pela Inclusão e pela Vida!
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