PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sexta-feira, 28 de julho de 2017

POSSO AJUDAR?





Perguntar é preciso! Mas hoje me esqueci.

Sentada no banco da parada de ônibus, esperava pelo coletivo que não vinha. Pensei caminhar até outro ponto com linhas mais disponíveis, porém o cansaço falou mais alto. Até que algo aconteceu por ali.

Uma avozinha munida de seu andador também esperava por sua linha, que logo veio. Como ela não aceitou subir pelo elevador acessível do coletivo, algumas pessoas se prontificaram ajudá-la a subir escadas acima. A mim coube passar o andador na frente dela, enquanto os outros a ajudavam na escada. Mas a avozinha que era “braba” exigiu que eu voltasse com o andador para que ela subisse se apoiando nele. Ninguém ali entendeu como ela subiria daquela forma tão perigosa e sem se apoiar nas grades do coletivo. Resolvi então, como medida de segurança, segurar em seus braços apoiados no andador, até que ela se acomodasse. Instantaneamente, ela gritou para que eu os largasse, que estavam doloridos. Assustada e sem saber como agir, deixei-a então subir sozinha pelas escadas...

Os comentários que se seguiram depois do ocorrido, mostraram o quanto certas pessoas se dispõem a ajudar, mas que também se sentem inseguras em ‘como ajudar’, no caso, aquela avozinha:

- Puxa vida, como podem deixar uma vó sair sozinha assim na rua, ainda mais com andador?

- Olha, eu tive a melhor das intenções, mas acho que ela não gostou não...

- Nossa, como a gente ia saber que ela estava cheia de dor?



Nesse meio, o ônibus já dava partida. Da janela a avozinha olhou para mim e fez um aceno como que agradecida.

Corei de vergonha! Agradecida do quê? O que foi que eu fiz? Infelizmente não fiz a coisa certa! Esqueci-me de perguntar se ela precisava de ajuda. A fórmula correta é perguntando: POSSO AJUDAR?

Mea culpa porque tantas vezes palestrei, ensinei ou informei sobre maneiras de auxiliar as pessoas com deficiência. Mais do que atitudes de boa vontade e disposição em ajudar, o que primeiro devemos fazer é: Perguntar se precisam de ajuda.

Quantos dissabores podem ser evitados agindo assim.

Perdi ali, inclusive, a chance de passar adiante a fórmula que educa e orienta a maneira correta de ajudar.

Perguntar é preciso! Infelizmente hoje me esqueci. Há males que vem para bem.

Ainda bem!





Pela Inclusão e pela Vida!




Nenhum comentário:

Postar um comentário