Falando sobre o post anterior, a foto da rosa vermelha que inseri na imagem apresentou-se um tanto desfocada para dar um sentido real ao poema. Na verdade, quando a procurava, queria uma que fosse tão embaçada quanto é a dificuldade de uma pessoa que não enxerga nitidez e cores. Aquele poema foi dedicado às mulheres com deficiência visual, cegueira e baixa visão.
O poema fala delas. Então, como não encontrei a foto desejada, inseri a dita cuja, que está levemente opaca, embora não possa afirmar se é assim realmente que aquelas pessoas veem.
Depois desta inserção, fiquei relembrando a experiência que fiz certa vez num curso de acessibilidade, sensibilidade e motivação, quando os participantes saíam em dupla para um passeio pelo enorme jardim do belo recanto. A tarefa consistia em um deles portar-se como se cego fosse e o outro a ser seu condutor, guia e informante e que deveria relatar toda a natureza local, descrevendo árvores, água, flores e cores.
Feita a experiência de ser cego, revezava-se então a função.
Como não ouço 100%, não pude executar aquele papel na sua totalidade. Como guia, confesso que não foi nada fácil fazer o companheiro apalpar espinhos, tocar numa lagarta verde (argh!!!) que ele fez tanta questão e tentar explicar as cores, as diferenças de cada uma delas.
De que maneira dizer-lhe o que eram as pedras amarelas no caminho, quando muitos cegos só conhecem cinza e negro?
E assim surgiu o poema.
Olhando por outro ângulo, não basta falar apenas da deficiência visual em si, fisicamente. Mais ainda da espiritual, sensitiva, de relacionamentos.
Sinto e digo que muitas vezes somos cegos diante das surpresas que as pessoas nos fazem, nos oferecem: pequenos carinhos, mimos sutis, presentes singelos, declarações veladas de amor, de cumplicidade, de companheirismo...
Como dói quando não nos damos conta de que não fomos capazes de enxergar essas sutilezas, mesmo que veladamente, seja uma surpresa ou então, devido a timidez do outro, ou dele não saber como expressá-las.
Ainda bem que podemos reconhecer nossos limites, nossas falhas e, na humildade, pedir desculpas pelos nossos deslizes...
Nessa hora, o perdão é tudo e o Amor, lindo!
Ofereço a presente reflexão e também o poema anterior a todos os cegos e deficientes visuais hoje, 13 de dezembro, data que marca a luta, a vida e as conquistas dessa gente. Que Santa Luzia protetora dos olhos e da visão acompanhe-os sempre nesse peregrinar por mais igualdade e inclusão social.
Pela Inclusão e pela Vida.
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