PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sábado, 30 de setembro de 2017

PERDÃO






Numa dessas manhãs frias, fazendo companhia a meu pai na visita ao cardiologista, deparamo-nos com o consultório consideravelmente lotado em relação às outras vezes, sinal de que as doenças cardíacas aumentam no inverno, principalmente com idosos, pela postura retraída a que o corpo se submete em relação aos nervos e músculos nos dias mais frios. Realmente, a maioria ali era formada por idosos. Exceção era alguns poucos jovens naquele meio, como as duas mães, cada qual com seus meninos pequenos, as únicas crianças ali.

Uma delas, sentada sob um canto meio escondido da sala, tinha um garoto que beirava os quatro ou talvez, cinco anos. A outra, mais jovem, rodava a sala inteira atrás de seu bebê que mal aprendera a andar e, inquieto, movimentava-se tropegamente por todos os cantos do recinto, até descobrir outra criança como ele, de brinquedos na mão.

O menino maior, mostrando-se tão amoroso com o pequeno, deixou que ele se divertisse também com um dos brinquedinhos. O gurizinho, porém, depois de um tempo, enjoado da mesmice, partiu para cima do outro, levando consigo todos seus brinquedos até o extremo do canto oposto, deixando-o aos prantos.

Apaziguando a situação, a mãe do bebê colocou-o para devolver, peça por peça a seu dono, pegou seu rebento no colo e foi sentar-se na parte mais atrás da sala, donde não se podia avistar a outra criança. Desta vez foi o pequeno que desatou a chorar, desvencilhando-se a todo custo de seus braços, correndo para onde estavam os brinquedos e seu dono. Foi a vez de a outra mãe dizer algo ao filho e colocar os dois sentadinhos no chão, lado a lado, partilhando o brincar.

Naquela cena em que foi possível perceber - em sequencia - a partilha das crianças e depois o rompimento, o choro, a mágoa e finalmente, a conversa e o retorno ao brincar de um jeito novo, fiquei refletindo toda a definição prática sobre o significado do perdão. Uma linguagem tão simples, que as crianças vivem e dominam, mesmo sem entender, porque elas sabem o que é o amor: a necessidade de ter alguém igual elas para trocar, partilhar, viver. No brincar o tempo para, não existe nada ao redor melhor do que aquele momento. É uma mágica que alegra, que transforma e perdura, faz feliz. E pode acontecer de muitas maneiras, em muitos outros “brincar”.



“Perdoar não é fazer de conta que eu não fui ofendido/a, não é negar que o outro me feriu, porém, reconhecer que eu fui ferido/a, que a dor doeu profundamente, mas assim mesmo eu tenho capacidade de perdoar. Uma ofensa realizada não pode ser desfeita, mas o efeito que provocou na vítima pode ser eliminado através do perdão. O não perdoar faz a pessoa querer se passar por vítima; foi ela que sofreu, ela que foi humilhada, ela que ainda hoje sofre as consequências da ofensa. Só o perdão é capaz de trazer de volta ao indivíduo o bem estar, a alegria, a saúde e, sobretudo, o grande feito de fazer passar a dor, porque a pessoa escolheu recusar-se a conservá-la e a trazer de volta ao seu coração a paz.” Dra. Ely Barreto

(Postado em setembro/2016)



Pela Inclusão e pela Vida!






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