PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

quinta-feira, 16 de março de 2017

Fragmentos de um diálogo infantil





Depois daquela tarde agitada, as brincadeiras, suas comidinhas prediletas, recortes e colagens, ele foi jogar dominó com o avô.

Finalmente, consegui uma pausa para descansar espreguiçando no sofá. Mas sabia que aquilo duraria pouco...

Pronto, lá vem ele:

- Posso deitar aí do seu lado? Perguntou.

- Claro, vem aqui, no cantinho. Que jogo rápido, não?

- É, ganhei do vô!
Ele se ajeitou sobre o canto e aquietou. Continuei olhando aquela série na TV.
Silêncio e nenhuma troca de olhares. Apanhei o controle e aumentei o som.
Silêncio de novo.
- Ei, ele falou. Por que você colocou o som?
- Ué, respondi. É para você ouvir!
- Mas eu sei que você ouve sem o som.
- É, e justamente por isso que coloquei o som. Se estiver só, eu deixo assim e quando chega alguém, é normal colocar o som para que possa ouvir.
- Mas eu não quero fazer!
- Fazer o quê?
- Ouvir.
- Não entendi...
- Tira o som que vou ver igual você!
- Ver o quê?
- Como você vê.
- Mas como você vai entender?
- Olhando, né!
- Eu sei, respondi, mas para você entender do meu jeito você terá que ler aquelas letrinhas que vão aparecendo rápido naquela faixa preta, ali embaixo. Agora que você está aprendendo a ler, vai levar um tempinho ainda para acompanhar essa coisa que te falei.
Ele calou-se. Novo silêncio.
E veio então a dúvida real, concreta:
- Por que você tira o som, então?
- É porque uma vez, faz tanto tempo, alguém que desligou a TV por último saiu, viajou. Fiquei só por uns dias. Quando voltava do trabalho, ligava a TV e ela estava lá no último volume. E eu nem dava conta disso. Ficou assim por uns dois dias, até que a vizinha veio dar um toque. Daí eu comecei a tirar o som! Já imaginou a rua inteira ouvindo aquele volume?
Satisfeito, mudou de canal e foi ver seus desenhos...

(Editado em outubro/2013)


Pela Inclusão e pela Vida.








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