PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

quinta-feira, 31 de maio de 2018

EDUCAR PARA CUIDAR




Água, esse bem tão precioso, tão mal cuidado, desperdiçado...

Sua falta é alarmante! Angustia até... Só de ver nas manchetes a situação dos reservatórios em seus níveis mais baixos, me pergunto se não está mais do que na hora de juntarmos nossas consciências e nossas forças para cuidar e preservar esse líquido precioso, sem o qual não há vida? Não tem como fechar os olhos para a realidade.

Sim, o assunto é uma questão de educação! Chego a ficar intrigada, senão irritada ao ver tantas atitudes diárias de desperdício, quando o momento conclama a todos economizar: são donas de casa se julgando espertas, que logo cedo lavam o quintal antes mesmo de todo mundo acordar para que suas ações não sejam vistas; outras que encarregam suas diaristas de fazerem a tarefa aos olhos de qualquer um, doam a quem doer. E o encher das piscinas das crianças para um ou dois dias de diversão apenas? O que fazem com o líquido depois? As lavações de carros, das fachadas dos edifícios e do comércio? Se resolvermos mostrar o lado real da situação, dizem que somos radicais demais, e ainda, que estão no direito porque pagam pelo produto... Ora, quando o produto faltar, quem paga o quê?

Não é só a população, o governo também tem suas falhas e omissões em tanto desperdício de água tratada e escoada pelas redes de tubulação obsoletas, sem conservação. O que dizer da demora nos consertos de vazamentos que ocorrem nas vias, com a água correndo perdida pelas ruas, guias e sarjetas? Segundo a Agência Nacional de Águas (ANA), 40% da água tratada retirada no país são desperdiçadas. Uma grande aberração!

Na década de oitenta, passei uma temporada no sertão nordestino. Numa campanha de educação junto ao povo sertanejo. Para chegar num vilarejo à época, só em cima de pau de arara e sob os buracos de estradas ressequidas, digam-se, mais buracos que estrada propriamente dita. Para qualquer sulista, a paisagem mostrava-se aterradora com sua vegetação dominada pela caatinga, riachos secos e ossos ressequidos de animais. Cisternas não havia ainda. Tinham os açudes, alguns terrenos cobertos de água, outros represados artificialmente, de água barrenta, amarelecida, utilizadas para todos os fins, inclusive para beber. Uma realidade ainda presente atualmente.

E por todos os dias ficava a observar aquele ritual da constante busca pela água no açude, uma tarefa predominantemente feminina, armazenando-a em cabaças de todos os tamanhos, latas e baldes, carregadas na cabeça, em viagens de perder a conta sob o sol esturricante. A mesma água para a louça, para cozinhar, para o banho de canequinha, para aguar a horta que cada família cultivava no fundo do quintal, e para os animais criados no terreiro.

Havia ali naquele povoado ao entorno do açude um detalhe muito significativo: o acordo entre a comunidade em que a lavagem da roupa e do banho diário deveriam ser feito nas próprias casas e não no açude, como forma de preservação.

Infelizmente esta realidade é pouco sentida pela população das grandes cidades, senão quando os jornais chamam para as grandes calamidades sazonais. E os exemplos de pequenos vilarejos e municípios não são referência às grandes metrópoles pela indiferença e até egoísmo manifesto nas atitudes da sociedade e autoridades.

Água é vida, é prioridade a ser cuidada. Vamos educar para o uso consciente e responsável. Não se trata de uma situação passageira visto que o aquecimento do planeta já desencadeia as reações provocadas pela natureza. Por isso vamos cuidar do nosso lar comum...

Sabendo usar, não vai faltar!


(Post editado em fevereiro/2014, início da crise hídrica em SP. A preocupação está de volta neste outono de 2018)



Pela Inclusão e pela Vida.






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