Água, esse bem tão precioso,
tão mal cuidado, desperdiçado...
Sua falta é alarmante! Angustia
até... Só de ver nas manchetes a situação dos reservatórios em seus níveis mais baixos, me
pergunto se não está mais do que na hora de juntarmos nossas consciências e
nossas forças para cuidar e preservar esse líquido precioso, sem o qual não há
vida? Não tem como fechar os olhos para a realidade.
Sim, o assunto é uma questão
de educação! Chego a ficar intrigada, senão irritada ao ver tantas atitudes
diárias de desperdício, quando o momento conclama a todos economizar:
são donas de casa se julgando espertas, que logo cedo lavam o quintal antes mesmo
de todo mundo acordar para que suas ações não sejam vistas; outras que encarregam suas diaristas de fazerem a tarefa
aos olhos de qualquer um, doam a quem doer. E o encher das piscinas das crianças
para um ou dois dias de diversão apenas? O que fazem com o líquido depois? As
lavações de carros, das fachadas dos edifícios e do comércio? Se resolvermos
mostrar o lado real da situação, dizem que somos radicais demais, e ainda, que estão no
direito porque pagam pelo produto... Ora, quando o produto faltar, quem paga o
quê?
Não é só a população, o
governo também tem suas falhas e omissões em tanto desperdício de água tratada
e escoada pelas redes de tubulação obsoletas, sem conservação. O que dizer da demora nos consertos de vazamentos que ocorrem nas vias,
com a água correndo perdida pelas ruas, guias e sarjetas? Segundo a Agência
Nacional de Águas (ANA), 40% da água tratada retirada no país são desperdiçadas.
Uma grande aberração!
Na década de oitenta, passei
uma temporada no sertão nordestino. Numa campanha de educação junto ao povo
sertanejo. Para chegar num vilarejo à época, só em cima de pau de arara e sob
os buracos de estradas ressequidas, digam-se, mais buracos que estrada
propriamente dita. Para qualquer sulista, a paisagem mostrava-se aterradora com
sua vegetação dominada pela caatinga, riachos secos e ossos ressequidos de
animais. Cisternas não havia ainda. Tinham os açudes, alguns terrenos cobertos
de água, outros represados artificialmente, de água barrenta, amarelecida,
utilizadas para todos os fins, inclusive para beber. Uma realidade ainda presente atualmente.
E por todos os dias ficava a
observar aquele ritual da constante busca pela
água no açude, uma tarefa predominantemente feminina, armazenando-a em cabaças de todos
os tamanhos, latas e baldes, carregadas na cabeça, em viagens de perder a conta sob o
sol esturricante. A mesma água para a louça, para cozinhar, para o banho de
canequinha, para aguar a horta que cada família cultivava no fundo do quintal,
e para os animais criados no terreiro.
Havia ali naquele povoado ao
entorno do açude um detalhe muito significativo: o acordo entre a comunidade em que a lavagem da roupa e do banho diário deveriam ser feito nas próprias casas e não no açude,
como forma de preservação.
Infelizmente esta realidade é
pouco sentida pela população das grandes cidades, senão quando os jornais
chamam para as grandes calamidades sazonais. E os exemplos de pequenos
vilarejos e municípios não são referência às grandes metrópoles pela indiferença
e até egoísmo manifesto nas atitudes da sociedade e autoridades.
Água é vida, é prioridade a
ser cuidada. Vamos educar para o uso consciente e responsável. Não se trata de uma situação passageira visto que o aquecimento do planeta já desencadeia as reações provocadas pela natureza. Por isso vamos cuidar do nosso lar comum...
Sabendo usar,
não vai faltar!
(Post editado em fevereiro/2014, início da crise hídrica em SP. A preocupação está de volta neste outono de 2018)
Pela Inclusão e pela Vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário