PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

SER VOLUNTÁRIO


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Dias atrás, estava realizando uma atividade colaborativa fora da cidade e havia me esquecido completamente do dia 28 de Agosto, a data que marca o dia do Voluntariado. Talvez pelo envolvimento, naqueles dias, em uma atividade desligada da mídia, da rotina diante do computador e do celular, que esse esquecimento me fez pensar sobre milhares de pessoas que se dedicam com empenho, alegria e simplicidade a um trabalho voluntário, mesmo que por algumas horas apenas. Muitas delas, nem sequer dominam o teclado de um computador e os números de um celular. E dedicam-se com afinco numa tarefa tão bonita e prazerosa a si e aos outros.

O voluntário é a pessoa que descobriu, através da experiência de doar-se, sem esperar qualquer remuneração ou lucro,  e contribui para uma causa de modo que a ação envolvida colabore na transformação de um mundo mais justo e solidário.

Ser voluntário é nada mais do que partilhar tempo, vontade, conhecimento, energia, emoções e carinho em favor de outrem, em gestos e atitudes. Este abrir-se, doar-se provoca envolvimento. Envolvimento, por sua vez, cria estreitamento de relações e laços entre pessoas. E o que são relações e laços senão o amor que brota da convivência e se desenvolve através dela?

A pessoa que ama verdadeiramente transborda amor e isso a impele a doar-se mais, assim como o bebê que mama no peito da mãe, quanto mais ele suga o leite, mais este jorra e aumenta as reservas mamárias. Assim o voluntário consciente, à medida que se doa e compromete-se responsavelmente, fica impelido fortemente a este ato.

E quando o amor vem com freio de mão? Pesado e medido, com reservas de domínio, que se dá à base de troca? No caso, já não se pode falar em solidariedade e a doação perde seu verdadeiro enfoque e sentido. 

O autor Erick Fromm, em seu livro - “A arte de amar” - ressalta uma bonita afirmação de que o amor é uma ação, a prática de um poder humano, que só pode ser exercido na liberdade e nunca como resultado de uma compulsão:

“O amor é atividade e não afeto passivo – é erguimento e não queda.
Amor antes de tudo consiste em dar e não em receber.
Dar é a mais alta expressão da potência, onde ponho à prova minha força, minha riqueza, meu poder. Essa experiência enche-me de alegria. Nesse ato encontra-se a expressão de minha vitalidade.
O que dá uma pessoa à outra? Dá de si mesma, do que tem de mais precioso, dá de sua vida, sua alegria, seu interesse, compreensão, humor, tristeza. Dando assim, enriquece a outra pessoa e valoriza-lhe o sentimento de vitalidade ao valorizar seu próprio sentimento de vitalidade.
Não dá a fim de receber; dá em si mesmo e ao dar verdadeiramente, não pode deixar de receber o que lhe é dado em retorno.
Implica fazer da outra pessoa também um doador e ambos compartilham da alegria de haver trazido algo à vida.
No ato de dar, algo nasce.”

Ainda, analisa as facetas do amor sob a ótica do profeta Jonas, em cujo livro Deus incumbe-o da missão de comunicar a conversão ao povo da cidade de Nínive, evitando assim sua destruição. Mas Jonas foge de sua incumbência e é engolido por um grande peixe:

“Jonas é um homem com forte senso de lei e ordem, mas sem amor.
O ventre da baleia é local de isolamento que a falta de amor trouxe.
Deus o salva e ele vai então a Nínive profetizar; mas se aborrece porque Deus usa de misericórdia (perdoa) com o povo e não faz justiça (não destrói a cidade).
Deus explica a Jonas que a essência do amor é “trabalhar” por alguma coisa e fazer alguma coisa crescer; que amor é trabalho e são inseparáveis. Ama-se aquilo pelo que se trabalha e trabalha-se por aquilo que se ama”.

Aproveito convidar o leitor a conhecer a história de Jonas, cujo livro, com apenas quatro capítulos está contido no Antigo Testamento. É uma bela lição de vida!

Ser voluntário, portanto, é trabalhar a solidariedade com responsabilidade e empenho, na humildade e simplicidade, com fé e compaixão.

Seja você também um voluntário!

“Vivemos esperando
 O dia em que
 Seremos melhores
 (Melhores! Melhores!)
 Melhores no amor
 Melhores na dor...”
(Jota Quest)



Pela Inclusão e pela Vida.




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