O PRESENTE

Presentes?

- Sim, presentes!

Presentes para todos?

- Talvez sim...

Mas como havia presentes para tantos voluntários? Era a pergunta que se fazia nas rodinhas de conversa, já no final da confraternização, após o aviso que ninguém iria embora sem antes receber o seu presente.

- Que legal! Foi o coro de vozes animadas que ali se reuniu para encerrar o ano na fazendinha da entidade, num encontro animado onde cada um partilhou seu lanche caseiro bem como pode refletir, rezar e agradecer a caminhada voluntária. Só não houve o “amigo secreto” pela infinidade de pessoas e a rotatividade constante que faz com que uns raramente encontrem pelos outros. Daí o dia dedicado ao reencontro de todos.

Mas não havia nenhum sinal de presentes por ali, visto que se assim fosse, deveria haver sacos ou caixas que comportassem tamanha quantidade...

Um novo aviso foi dado e formou-se uma grande roda no entorno do bosque, que era entrecortada por pessoas e arbustos. Alguém se postou no meio da grande roda com uma caixa média envolta por belo e brilhante papel de presente. Um laço generoso de fita adornava a caixa. Tinha-se a impressão de ser uma pilha de livros embrulhados.

Que delícia! Tantos livros assim imaginei... Um presente e tanto!

E a pessoa que começou a brincadeira dizia que escolheria uma pessoa da roda para entregar aquele presente. Falou ainda sobre a riqueza que está no ato de se dar um presente, mais ainda de ser presente. Citou, ainda, as qualidades e valores daquela que seria a presenteada...

Silêncio total. Ansiedade estampada nos olhares se fazia notar.

Entregue aquele primeiro pacote, o que se seguiu foi a curiosidade de qual seria o próximo, bem como seus contemplados. Mas a surpresa se revelou ali mesmo: não havia mais presentes e aquele era o único. A brincadeira consistia em cada presenteando escolhido passar adiante não só aquele mesmo pacote, como também revelar as virtudes do presenteando escolhido (que não poderia abri-lo), revelando assim os laços de presença, de amizade, de pertença e valorização do outro.

Eis que finalmente a caixa foi aberta: bombons, muitos bombons para todos, que adoça a vida, a doação, a caminhada!

Pela Inclusão e pela Vida.