O dia hoje está voltado para as
Pessoas com Surdez. É uma data não para celebrar a surdez - surdez não se
celebra - mas a luta e todo o processo pelo qual a pessoa com surdez se envolve
buscando direitos e cidadania, pela inclusão.
Pensando bem, tá chovendo
assuntos variados na rede, sobre essa luta e tudo o mais. Então resolvi abordar uma
experiência pessoal, que há alguns dias discuti com pessoas comuns, e que creio
seja também a experiência de muitos não ouvintes. Coisa que determinados
ouvintes não param para pensar a respeito e, às vezes, mesmo não querendo,
acabam nos rotulando mal.
É o tal barulhinho de
mastigação de determinados alimentos. Devo dizer que não tenho crédito para
falar sobre os sons produzidos pela mastigação de torresmo, ou pé de moleque,
ou torradas e alimentos crocantes, pois desconheço e não sou capaz de auscultar
o som, somente a vibração do atrito dos dentes contra alimentos desse tipo e
que vão cessando à medida que entram em contato com a saliva.
Já me ocorreu diversas vezes de
estar mastigando amendoim e alguém dizer que aquilo estava fazendo barulho. Outra
vez foi com biscoito de polvilho, e outra com a casca crocante de pãozinho
francês, que adoro. Mas qual é o problema?
Por educação, não costumo
mastigar de boca aberta e parece que as pessoas ouvintes se incomodam até
demais com os barulhos, que qualquer deslize é quebra da etiqueta. Coisa que
pessoas com surdez total ou profunda não são capazes de perceber em si próprias,
visto que não ouvem nem o som da própria voz. Aliás, somos nós que dificilmente
reclamamos do barulho dos outros. Não é meu povo?
Daí alguns sujeitos guardadores
das boas maneiras julgam que surdos não tem educação por terem tais
comportamentos ou assemelhados.
Mas o que nós podemos fazer?
A minha cama, por exemplo, range toda vez que me sento sobre os pés. Não sei se é créc ou cric.
Tenho também uma cadeira que costuma fazer “nhéin” toda vez que dela me
levanto. A cama eu deixo como está porque aprendi a não me sentar no canto
barulhento, mas a cadeira resolvi trocar. Assim faço para amenizar o problema,
não somente para o ouvido dos outros como também eliminar a vibração.
Creio que a verdade é que as
pessoas tem que descobrir que por trás de pequenos detalhes, outros sujeitos
reagem de maneira diferente daqueles justamente porque não enxergam, ou não
ouvem ou...
São nossas diferenças!
Ah, mas voltando ao início, um torresminho é tão
bom, não acham?
(Repostagem do post editado em 26 de setembro/2016)
Pela Inclusão e pela vida.
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