PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Créc, Cric, Cróc




O dia hoje está voltado para as Pessoas com Surdez. É uma data não para celebrar a surdez - surdez não se celebra - mas a luta e todo o processo pelo qual a pessoa com surdez se envolve buscando direitos e cidadania, pela inclusão.

Pensando bem, tá chovendo assuntos variados na rede, sobre essa luta e tudo o mais. Então resolvi abordar uma experiência pessoal, que há alguns dias discuti com pessoas comuns, e que creio seja também a experiência de muitos não ouvintes. Coisa que determinados ouvintes não param para pensar a respeito e, às vezes, mesmo não querendo, acabam nos rotulando mal.

É o tal barulhinho de mastigação de determinados alimentos. Devo dizer que não tenho crédito para falar sobre os sons produzidos pela mastigação de torresmo, ou pé de moleque, ou torradas e alimentos crocantes, pois desconheço e não sou capaz de auscultar o som, somente a vibração do atrito dos dentes contra alimentos desse tipo e que vão cessando à medida que entram em contato com a saliva.

Já me ocorreu diversas vezes de estar mastigando amendoim e alguém dizer que aquilo estava fazendo barulho. Outra vez foi com biscoito de polvilho, e outra com a casca crocante de pãozinho francês, que adoro. Mas qual é o problema?

Por educação, não costumo mastigar de boca aberta e parece que as pessoas ouvintes se incomodam até demais com os barulhos, que qualquer deslize é quebra da etiqueta. Coisa que pessoas com surdez total ou profunda não são capazes de perceber em si próprias, visto que não ouvem nem o som da própria voz. Aliás, somos nós que dificilmente reclamamos do barulho dos outros. Não é meu povo?

Daí alguns sujeitos guardadores das boas maneiras julgam que surdos não tem educação por terem tais comportamentos ou assemelhados.

Mas o que nós podemos fazer?

A minha cama, por exemplo, range toda vez que me sento sobre os pés. Não sei se é créc ou cric. Tenho também uma cadeira que costuma fazer “nhéin” toda vez que dela me levanto. A cama eu deixo como está porque aprendi a não me sentar no canto barulhento, mas a cadeira resolvi trocar. Assim faço para amenizar o problema, não somente para o ouvido dos outros como também eliminar a vibração.

Creio que a verdade é que as pessoas tem que descobrir que por trás de pequenos detalhes, outros sujeitos reagem de maneira diferente daqueles justamente porque não enxergam, ou não ouvem ou...

São nossas diferenças!

Ah, mas voltando ao início, um torresminho é tão bom, não acham?


(Repostagem do post editado em 26 de setembro/2016)






Pela Inclusão e pela vida.





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