PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Festa da Carpição

 




Quando é a fé que prolonga a festa


A tradicional Festa da Carpição de Nossa Senhora do Bonsucesso, a mais importante da cidade de Guarulhos, é conhecida pelo feito dos primeiros moradores do bairro de mesmo nome que ali, em regime de mutirão, reuniam-se para carpir o mato no entorno da Igreja e que, segundo a crença, com o tempo foi-se operando poderes milagrosos àqueles que se dedicavam naquela tarefa.


Os primeiros registros que se tem da festa da Carpição no bairro de Bonsucesso está datado de 1741.


Realizada sempre na primeira segunda-feira do mês de agosto, e, por mais de dois séculos, ainda hoje é possível vislumbrar uma festa que torna memorável, através do gesto de fé de peregrinos de tantos rincões que ali acorrem, carregando pequenos punhados de terra acoplando-a sobre partes do corpo, creditando assim o poder curativo da terra para as enfermidades, sob a ótica da fé.


A referida festa abre os festejos em honra a Nossa Senhora do Bonsucesso, que ocorre no último domingo de agosto. Fé, terra e Nossa Senhora é um entrelaçamento indissociável que está entranhado na religiosidade dos peregrinos que ali acorrem.


Encontrei um artigo de Benedito Prezia, na obra “Revelando a história de Bonsucesso” diversos autores, que dá um sentido antropológico ao assunto:



“A terra, desde a mais remota antiguidade,
está associada à vida, à procriação e à regeneração.
Para alguns povos da América, como os
incas, a terra é mãe, Pacha Mama, e a ela se faziam
oferendas pedindo boa colheita. Para outros,
como os astecas, a terra é ambivalente: mãe
que alimenta, oferecendo-nos vegetais e caça e,
ao mesmo tempo, ventre voraz que devora os humanos,
que nela são enterrados.
Na tradição dos indígenas das terras baixas
do Brasil é a mulher que se relaciona com a terra,
sendo responsável pelo plantio dos alimentos, já
que no seu ventre a criança é gerada. Esta necessidade
de sinal concreto em nosso culto religioso
remonta à antiguidade, basta ver o simbolismo
do fogo, da água, do sangue em quase todas as
religiões. Mas a terra, como elemento de cura religiosa,
tal como um amuleto, é inédita no Brasil
e certamente em outras partes da América.
Seguramente herdamos de nossos ancestrais
indígenas e africanos a necessidade de se
ter símbolos materiais eloquentes e eficazes para
acompanhar nossa vida. Mas a maior eficácia do
efeito terapêutico da terra da carpição está na fé
das pessoas que vão ali buscar um auxílio para
suas necessidades do corpo e da alma.






Pela Inclusão e pela Vida.




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