PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

segunda-feira, 16 de julho de 2018

“AGÁ COM ERRE”






Nunca me esqueci da tia Raquel. A única professora que tive em sala especial antes de ingressar em sala comum. Com ela pude adentrar no mundo das letrinhas mesmo antes de ser alfabetizada em classe comum.

Durante um ano aprendi com aquela professora a forma de comunicação oralizada, como uma via secundária pós-caxumba. É um método que foi sendo deixado de lado na atualidade, ultrapassado pelas Libras, que se utiliza do formato orofacial na captação das palavras por meio da leitura dos lábios do nosso interlocutor, criando o diálogo, fomentando e interpretando a conversa.

Quando a tia Raquel chegou à conclusão que estava na hora de eu partir para o ensino na classe comum, ela aconselhou minha mãe a comprar um dicionário e fazer dele meu companheiro inseparável. Não compreendi bem isso quando criança. Com o tempo fui percebendo que tinha sido lógico aquele conselho, pois as pessoas que tem surdez vivem alheias ao palavreado que corre solto no mundo ouvinte e por isso, muitas vezes, não acompanham as pronúncias corretas das palavras e linguajar que são ditos oralmente.

Embora o dicionário esteja sempre presente na minha vida como uma ferramenta facilitadora, algumas vezes devo recorrer à opinião das pessoas para tirar dúvidas quanto à pronúncia correta de certas palavras, principalmente as de língua estrangeira.

Vejam só, quando nos deparamos com as palavras estrangeiras, por exemplo: Whatsapp e sua pronúncia é “uatzapi”; ou ainda wi-fi que é “uai fai”, ou então daquelas batatinhas deliciosas Pringles, que se pronuncia “pringous”, acabo ficando tontinha de tanto tentar acertar a pronuncia... E quando me deparo com uma desconhecida, é sempre um começar de novo!

Outro dia encontrei meio ao acaso o perfil “Como Fala” no Facebook, é muito legal e trata de explicar como se diz a pronúncia. Achei até engraçado.

Então, o que motivou o tema de hoje é justamente isso - a pronúncia!

Outro domingo, na chácara com a família, estava aproveitando as sobras de arroz para fazer um risoto com legumes e me deparei com a marca do molho de tomate “Heinz” que por ali encontrei. Na hora nem me dei conta, entretida que estava com a comida, também pela falta de familiaridade com aquela marca. Eis que na hora da refeição soltei o verbo:

- Muito bom esse molho h-e-i-n-z, né? Falei pronunciando o mesmo que se lia na embalagem.

Claro que gargalhadas soaram, como soam sempre quando me enrosco com elas. E fui corrigida com a pronúncia correta: ráinz... tão parecida com “raiz”.

Daí recordei o nome da médica com quem me consulto, a Dra. Huri, que eu pronunciava no início com o h mudo mesmo, até ser corrigida pelo meu cardiologista que havia me encaminhado a ela. Ele foi tão legal que escreveu o nome dela no papel: Ruri. E emendou que tinha a mesma pronúncia de carro “Ronda” (Honda).

Que aventura é a nossa língua!!!

E pensar que a oitava letra do nosso alfabeto fosse tão insignificante por ser sem som, tal como “homem, horas, hein, hã”, mas que tem lá sua importância, seu choque, seu lugar!



Pela Inclusão e pela Vida!








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