ROSA SOLITÁRIA

Sob a fina garoa que umedecia o caminho,

Encontrei uma rosa envolta no celofane.

Ela, que jazia solitária pela calçada,

Teria sido ali esquecida ou ignorada?

Preso ao laço que apertava tal embrulho,

Um bilhete de quem tinha o intuito.

Pensei então qual teria sido o motivo

Que levou ao descarte ou tal descuido?

Sacudi a poeira ainda molhada,

Incrustada por entre suaves pétalas.

Tão vermelha, qual uma romã madura

Exalando suave odor. Mas que candura!

Aparando uma lasca da fina haste,

Foi colocada enfim, no pequeno vaso.

Com água fresca e por um ramo acompanhada

Que atenuasse a solidão, ora estampada.

Sobre o canto onde fora ajeitada,

Perfumando o recinto, alegrando em profusão!

Contemplei a beleza daquela flor

Por uma semana, cumpriu a rosa sua missão!

Hoje penso no destino doloroso,

E ingrato de um gesto tão assim.

Se ora fazem tal com uma flor

Quanto mais às pessoas, enfim!

Pela Inclusão e pela Vida.