NÃO DÊ ESMOLA. PROMOVA!
Faz alguns anos que
aquela mensagem começou a rodar o mundo. Não sei se foi um fato verídico. Também não sei se foi
uma jogada de publicidade para minimizar o efeito devastador da cegueira, coisa
que certas pessoas assim concebem e passam adiante.
Confesso que nunca
concordei com a forma com que o assunto foi tratado, mesmo que alguns argumentassem
que era válido como percepção do “lado bom da coisa”...
E faz alguns dias, vi aquela
mesma mensagem circulando pelas redes sociais, agora com nova roupagem, mas com
o mesmo conteúdo que vai tocando as pessoas, apelando para a pieguice.
Falo da cena em que um
cego, sentado sobre a calçada, pede esmolas por meio de uma tabuleta que o
identifica como tal. Alguém, sem se identificar, reescreve algo nela e então
começa a chover o dindin no chapéu. Ao final do dia o cego percebe a presença
daquele que mudou o cenário e pergunta-lhe o que afinal escreveu para aquela
transformação... O leitor já deve conhecer a história.
Lembro-me de quantos
ficaram com os olhos marejados, tocados pela emoção e beleza daquelas cenas.
Lembro também
dos amigos cegos e deficientes visuais que ficaram tiriricas com o episódio. Com muita razão, isto porque, maquiar
ou repaginar uma fachada apenas, já não transforma o seu interior. A única
moeda que muda de fato o cenário não é a piedade nem o coitadismo, mas a Educação:
da sociedade que deve rever seus conceitos e valores, e do próprio sujeito
enquanto detentor de direitos que promovem e transformam a si e ao meio.
E pensar que, em plena
era da globalização, os avanços com que a inclusão dos cegos vem sendo promovida
a passos largos através da educação, da acessibilidade tátil e digital, da
colocação profissional no mercado de trabalho e com a crescente difusão da Audiodescrição
que realiza, dignifica e valoriza tais pessoas.
Taí o desafio: a luta diária por uma vida digna e com respeito, mesmo que necessário seja remar contra a correnteza para que valores e possibilidades aconteçam de forma igual, sem maquiagem e sem exclusões,
Pela Inclusão e pela Vida.
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