Nestes 29 anos em que vigora a Lei de Cotas, lei que obriga empresas contratarem PcD em um
percentual de acordo com o número de empregados, há que se considerar a
realidade que tem se tornado comum a muitas delas: ao contratar um candidato
PcD, o fazem não porque acreditam na qualificação do profissional, mas sim
pressionados pelo rigor da fiscalização e das multas por descumprimento da
referida lei.
Sobre
essa assertiva, acompanhei uma pesquisa realizada pela iSocial, consultoria
especializada na contratação de PcD, junto a profissionais de RH, que afirmaram
60% de candidatos contratados em diversas empresas, já sofreram preconceito de
gestores, colegas e até mesmo de clientes, sujeitando-se inclusive a assédios morais
e relegados à ociosidade.
Sobre
ociosidade, li um artigo recente onde funcionários de empresas diversas “trabalham”
sem nada fazer no horário de expediente, completamente ociosos porque não lhes
delegam tarefas. Outras vezes, contratam funcionários para que permaneçam em
casa e se apresentem apenas nos dias da fiscalização!
Sob esta
ótica, a lei de Cotas ao invés de agregar, promover e incluir as pessoas com
deficiência pela diversidade, é vista sob a prática do caminho inverso, onde
criam-se barreiras que impedem o PcD de exercer o direito ao trabalho,
prevalecendo o cumprimento do rigor da lei como instrumento de exclusão.
Junte-se os tabus de que pessoas com deficiências são menos produtivas e tem
menos capacitação/qualificação para o trabalho.
Ademais,
alegam os elevados gastos para adaptação do espaço físico da empresa, exigidos em
lei. Inclusive, a busca por contratar pessoas com deficiência “sem deficiência”, ou seja, “aquelas mais leves e que não implique em
mudanças estruturais”(!)
Não basta
cumprir a lei, é primordial informar e sensibilizar para a verdadeira face das
deficiências, daquilo que não se conhece ou nunca se viu!
Derrubar
essas barreiras só acontecerá pela informação mais apurada acerca das
deficiências, conscientização das pessoas, sensibilização dos funcionários e
vontade política por parte dos dirigentes da empresa são na verdade, os reais
tópicos que devem mudar os paradigmas que vão de fato transformar a empresa e
incluir os trabalhadores PcD, promovendo valores e respeitando suas
particularidades.
Em tempo:
se algum profissional com deficiência se sentir discriminado ou prejudicado no
ambiente de trabalho, deve recorrer ao Setor de Fiscalização do Ministério do
Trabalho e registrar queixa. Coibir abusos é garantir direitos!
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