“Ensina-me aquilo que eu não vejo”
Jó 34,32
Não posso definir como é ouvir o
tom de voz das pessoas, se graves ou agudos. Do mesmo modo a voz de alguém que chega e
pede um favor, ou uma informação, ou ainda, uns trocados, um socorro.
Serão as suas
vozes tristes, desesperadas? Verdadeiras e gritantes? Ou então silenciosas? Ou serão vozes potentes, graves ou ainda, suaves?
Felizmente posso ver seus rostos, suas expressões e nuances. E não creio que sejam tão diferentes assim de suas vozes. Até porque as expressões faciais que nós surdos conseguimos captar nas pessoas, muitas vezes demonstram os sentimentos que elas expressam na face e seja também assim com suas vozes.
Pensando nisso, me veio à mente
uma reflexão sobre aquela parábola do Bom Samaritano, contada por Jesus (no
evangelho de Lucas 10,25-37) cujo enfoque aborda o conhecido ditado: “O bem que
se deve fazer sem olhar a quem”...
Ainda bem que, em relação aos sentidos, o ponto forte da
mensagem está voltado para o “olhar” e não para o “ouvir”.
Se você leitor, se debruçar
sobre o referido texto, observará que na parábola, Cristo menciona três
vezes a palavra ver, olhar:
- Um
sacerdote que descia o caminho, viu o homem caído... (v.31);
-
Um levita
que chegou ao lugar, viu, e seguiu por outro lado. (v.32);
- Um samaritano (inimigo) que chegou perto dele, viu, e teve compaixão. (v.33).
Quanta diferença de olhares! Ou
então, indiferença em alguns olhares diante dos contrários com que a vida nos apresenta. E ainda assim seguimos catalogando, rotulando...
A máxima do ensinamento de Jesus nesta parábola é a COMPAIXÃO: entendida como o bem que se faz, venha de onde vier, será sempre bem vindo! Também aduzido que não podemos discriminar ninguém pela sua condição, religião
ou cor da pele. Não somos gabaritados para tal.
Ecumenismo, solidariedade,
partilha e compaixão. Tantas palavras podem exprimir a boa convivência de quem
quer se fazer próximo!
Que bonito é poder compartilhar
das diferenças religiosas entre as pessoas, quando sabemos e cremos que nosso Deus e Pai é
Único.
Diversos, somos como um único pão, tipo aquela bengala saborosa e crocante, repartida em várias fatias que, mesmo fragmentadas, provêm do mesmo e único pão, inteiro.
Diversos, somos como um único pão, tipo aquela bengala saborosa e crocante, repartida em várias fatias que, mesmo fragmentadas, provêm do mesmo e único pão, inteiro.
Pela Inclusão e pela Vida.
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