PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Fragmentos do Natal



“No começo a Palavra já existia: a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela e, de tudo que existe, nada foi feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. Essa luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la.” João 1,1-5

Caminhando na companhia de meu pai alguns dias antes do Natal, conversávamos sobre os enfeites que íamos encontrando pelas ruas. Paramos diante de um conjunto residencial e ficamos a observar os detalhes da ornamentação caprichada, colocada sob os muros daqueles edifícios: neve de isopor em cascata, papais-noéis, trenós, renas e umas infinidades de figuras que em nada combinam com nossa cultura latino americana e tupiniquim.
Amo a natureza deste país tropical, com sua exuberante biodiversidade e rica fauna e flora, daí não consigo entender como prolongam e fazem perdurar esse costume importado de se imitar culturas nórdicas que em nada fazem referência a nosso clima, nossa cultura afro-ameríndia...
Num canto dali estava montado um lugar para José, Maria e o menino Jesus, ou seja, a Sagrada Família. Mas não era destaque. Se fosse realmente um destaque, teriam montado um presépio completo, com as mulas, vaquinhas, galinhas, camelos, carneiros, reproduzindo assim a obra de São Francisco, o pioneiro dos presépios. A real reprodução do nascimento do aniversariante.
E o destaque observado ficava por conta dos presentes, dos brilhos e do colorido oscilante e chamativo. E parece que assim foi o Natal de muita gente: brilho, presentes, comidas, enfeites, a julgar pela correria que se viu nas ruas, nas lojas, nos mercados.
Visto assim, parece que o Natal foi só um dia. E no ano que vem será mais um: consumista, intimista, exibicionista, vazio e triste. Talvez seja triste porque as pessoas ainda não se encontraram, ou não se abriram para o verdadeiro significado do Natal, daquela força geradora de vida, onde a memória do natalício de Jesus é motivo de restauração e revigoramento interior, de posturas e atitudes frente a tudo que vai na contramão da própria vida: o egoísmo que não permite a partilha com os mais pobres, sem teto, desabrigados; a violência; corrupção; falta de solidariedade; o desmatamento e aquecimento global, forças geradoras de morte.

Entender o sentido do Natal não é difícil. A citação acima, extraída do evangelho de João, enseja uma mensagem que pode ser entendida a Encarnação de Jesus como o Verbo, a Palavra transformada matéria, o som incorporado a um corpo humano, mas livre de pecado. Diferente de Adão, aquele que Deus modelou do barro e soprou-lhe a vida. Essa Palavra se faz então COMUNICAÇÃO, cuja mensagem é a salvação que Cristo traz, através de seu nascimento terreno, a todos os homens de boa vontade: eu, você, nós!

Não, o Natal não acabou. Vamos vivê-lo todos os dias com o nosso presente recebido na manjedoura e repartindo-o com os irmãos da caminhada, construindo assim a esperança de uma nova terra e um novo céu!


Inclusão se faz para a Vida!




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