“No começo a Palavra já existia:
a Palavra estava voltada para Deus, e a Palavra era Deus. No começo ela estava
voltada para Deus. Tudo foi feito por meio dela e, de tudo que existe, nada foi
feito sem ela. Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. Essa luz
brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la.” João 1,1-5
Caminhando
na companhia de meu pai alguns dias antes do Natal, conversávamos sobre os
enfeites que íamos encontrando pelas ruas. Paramos diante de um conjunto
residencial e ficamos a observar os detalhes da ornamentação caprichada,
colocada sob os muros daqueles edifícios: neve de isopor em cascata, papais-noéis,
trenós, renas e umas infinidades de figuras que em nada combinam com nossa
cultura latino americana e tupiniquim.
Amo
a natureza deste país tropical, com sua exuberante biodiversidade e rica fauna
e flora, daí não consigo entender como prolongam e fazem perdurar esse costume
importado de se imitar culturas nórdicas que em nada fazem referência a nosso
clima, nossa cultura afro-ameríndia...
Num
canto dali estava montado um lugar para José, Maria e o menino Jesus, ou seja,
a Sagrada Família. Mas não era destaque. Se fosse realmente um destaque, teriam
montado um presépio completo, com as mulas, vaquinhas, galinhas, camelos,
carneiros, reproduzindo assim a obra de São Francisco, o pioneiro dos
presépios. A real reprodução do nascimento do aniversariante.
E o
destaque observado ficava por conta dos presentes, dos brilhos e do colorido
oscilante e chamativo. E parece que assim foi o Natal de muita gente: brilho,
presentes, comidas, enfeites, a julgar pela correria que se viu nas ruas, nas
lojas, nos mercados.
Visto
assim, parece que o Natal foi só um dia. E no ano que vem será mais um:
consumista, intimista, exibicionista, vazio e triste. Talvez seja triste porque
as pessoas ainda não se encontraram, ou não se abriram para o verdadeiro
significado do Natal, daquela força geradora de vida, onde
a memória do natalício de Jesus é motivo de restauração e revigoramento interior,
de posturas e atitudes frente a tudo que vai na contramão da própria vida: o
egoísmo que não permite a partilha com os mais pobres, sem teto, desabrigados;
a violência; corrupção; falta de solidariedade; o desmatamento e aquecimento
global, forças geradoras de morte.
Entender o sentido do Natal não é difícil. A
citação acima, extraída do evangelho de João, enseja uma mensagem que pode ser
entendida a Encarnação de Jesus como o Verbo, a Palavra transformada matéria, o
som incorporado a um corpo humano, mas livre de pecado. Diferente de Adão,
aquele que Deus modelou do barro e soprou-lhe a vida. Essa Palavra se faz então
COMUNICAÇÃO, cuja mensagem é a salvação que Cristo traz, através de seu
nascimento terreno, a todos os homens de boa vontade: eu, você, nós!
Não, o Natal não acabou. Vamos vivê-lo todos os
dias com o nosso presente recebido na manjedoura e repartindo-o com os irmãos
da caminhada, construindo assim a esperança de uma nova terra e um novo céu!
Inclusão se faz para a Vida!
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