Repetir uma palavra ou termo, muitas vezes, chega a
ser desgastante e torna-se até enfadonho. Outras vezes, torna-se necessária sua
repetição por motivo de entendimento e compreensão. Aqui é o caso das
terminologias a serem utilizadas objetivando a Inclusão, ou seja, transformar
maneiras de falar, referir, portar e conviver com a realidade, de modo que os
paradigmas, sejam alterados e possam promover a igualdade de todos.
Seguem alguns exemplos.
Defeituoso/deficiente
físico
Defeituoso, aleijado e inválido são palavras muito
antigas e eram utilizadas com frequência até o final da década de 70. O termo
deficiente, quando usado como substantivo (por ex., o deficiente físico), está
caindo em desuso. TERMO CORRETO: Pessoa com deficiência física ou PCD.
“Ela é
cega mas mora sozinha”
Na frase acima há um preconceito embutido: ‘Todo
cego não é capaz de morar sozinho’. FRASE CORRETA: “Ela é cega e mora
sozinha”
“Ela é retardada mental, mas é uma atleta
excepcional”
Na frase acima há um preconceito embutido: ‘Toda
pessoa com deficiência mental não tem capacidade para ser atleta’. FRASE
CORRETA: “Ela tem deficiência mental [intelectual] e se destaca como atleta”
“Ela é
surda [ou cega], mas não é retardada mental”
A frase acima contém um preconceito: ‘Todo surdo ou
cego tem retardo mental’. Retardada mental, retardamento mental e retardo
mental são termos do passado. O adjetivo “mental”, no caso de deficiência,
mudou para “intelectual” a partir de 2004. FRASE CORRETA: “Ela é surda [ou
cega] e não tem deficiência intelectual”.
“Ela foi vítima de paralisia infantil”
A poliomielite já ocorreu nesta pessoa (por ex.,
‘ela teve pólio’). Enquanto a pessoa estiver viva, ela tem sequela de
poliomielite. A palavra vítima
provoca sentimento de piedade. FRASES CORRETAS: “Ela teve [flexão no passado]
paralisia infantil” e/ou “ela tem [flexão no presente] sequela de paralisia
infantil”.
“Ela
teve paralisia cerebral” (quando se referir a uma pessoa viva no presente)
A paralisa cerebral permanece com a pessoa por toda a vida. FRASE CORRETA: “Ela
tem paralisia cerebral”.
“Ela foi vítima da pólio”
A palavra vítima provoca sentimento de piedade.
TERMOS CORRETOS: pólio, poliomielite e paralisia infantil. FRASE CORRETA: “Ela teve
pólio”
“Ele
manca com bengala nas axilas”
FRASE CORRETA: “ele anda com muletas axilares”. No
contexto coloquial, é correto o uso do termo muletante para se referir a uma
pessoa que anda apoiada em muletas.
“Esta
família carrega a cruz de ter um filho deficiente”
Nesta frase há um estigma embutido: ‘Filho
deficiente é um peso morto para a família’. FRASE CORRETA: “Esta família tem um
filho com deficiência”.
“Infelizmente,
meu primeiro filho é deficiente; mas o segundo é normal”
A normalidade, em relação a pessoas, é um conceito
questionável, ultrapassado. E a palavra infelizmente reflete o que a mãe pensa
da deficiência do primeiro filho: ‘uma coisa ruim’. FRASE CORRETA: “Tenho dois
filhos: o primeiro tem deficiência e o segundo não tem”.
Inválido
(quando se referir a uma pessoa que tenha uma deficiência)
A palavra inválido significa sem valor. Assim eram
consideradas as pessoas com deficiência desde a Antiguidade até o final da
Segunda Guerra Mundial. TERMO CORRETO: PCD - Pessoa com deficiência.
Lepra;
leproso; doente de lepra
TERMOS CORRETOS: hanseníase; pessoa com hanseníase;
doente de hanseníase. Prefira o termo as
pessoas com hanseníase ao termo os hansenianos.
Linguagem
de sinais
TERMO CORRETO: LIBRAS - Língua de Sinais. A
comunicação sinalizada dos e com os surdos constitui uma língua e não uma
linguagem. Já a comunicação por gestos, envolvendo ou não pessoas surdas,
constitui uma linguagem gestual. Uma outra aplicação do conceito de linguagem
se refere ao que as posturas e atitudes humanas comunicam não - verbalmente,
conhecido como a linguagem corporal.
Mongoloide;
mongol
TERMOS CORRETOS: pessoa com síndrome de Down,
criança com Down, uma criança Down. As palavras mongol e mongoloide refletem o
preconceito racial da comunidade científica do século 19. TERMO CORRETO: Down
Mudinho
Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não
corresponde à realidade dessa pessoa. O diminutivo mudinho denota que o surdo
não é tido como uma pessoa completa. TERMOS CORRETOS: surdo; pessoa surda;
pessoa com deficiência auditiva. Há casos de pessoas que ouvem (portanto, não
são surdas) mas têm um distúrbio da fala (ou deficiência da fala) e, em
decorrência disso, não falam.
O
epilético (ou a pessoa epilética)
TERMOS CORRETOS: a pessoa com epilepsia, a pessoa
que tem epilepsia. Evite “o epilético”, “a pessoa epilética” e suas flexões em
gênero e número.
Pessoa
surda-muda
GRAFIAS CORRETAS: pessoa surda ou, dependendo do
caso, pessoa com deficiência auditiva. Quando se refere ao surdo, a palavra
mudo não corresponde à realidade dessa pessoa.
(Este texto é parte integrante das
Terminologias na Era da Inclusão, de autoria de Romeu Sassaki, Especialista em
Inclusão)
Pela Inclusão e pela Vida!
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