PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

OLHAR E CONFIANÇA



Imagem: Google


Quem tem fé, busca não apenas enxergar, mas também aprender a olhar de uma maneira totalmente nova.


Naquele tempo, partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: Tem piedade de nós, filho de Davi”! Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: Vós acreditais que eu posso fazer isso? Eles responderam: - Sim Senhor! Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. (Mateus 9,27-31)

Falando literalmente, quem conhece ou convive com pessoas cegas (visão zero) ou deficientes visuais (visão parcial/reduzida) pode afirmar como a vida delas é um milagre, por mais simples que sejam suas atividades na vida diária: saem sozinhas na rua; vão ao médico desacompanhadas; pregam botões mesmo que para isso tenham que passar a linha pelo buraco da agulha; lidam com o computador; conhecem as notas do real; são atletas exímios; são advogados, professores e outros mais, e por aí vai...

Ainda ontem, caminhando na praça pela manhã deparei-me com uma moça cega que já havia visto há algum tempo atrás, quando comprei umas canetas que ela vendia dentro do ônibus em movimento. Ela estava no ponto da praça, talvez trocando de coletivo, isto é, fazendo a “rotatividade de suas vendas”, já que de longe deu para avistar que carregava caixas. Não deu tempo de alcançá-la para perguntar, mas ficou claro que continua naquele ramo.

Embora eu não concorde muito com essa atividade informal de trabalho para pessoas com deficiência por várias razões e também por haver uma série de leis, projetos, programas arrojados que as beneficiem, devo respeitar suas decisões. Mas, verdade seja dita, ela é uma guerreira: subindo e descendo sozinha de não sei quantos coletivos ao dia, com desenvoltura de uma vidente, vendendo suas canetas, conferindo o dinheiro e devolvendo o troco. Apenas sob este aspecto de enfrentar a vida, correndo atrás, já é um milagre!

Voltando agora ao texto e falando sobre a ação de Jesus diante daqueles dois cegos que lhe imploravam a cura, é estupenda a forma como se relaciona amorosamente e carinhosamente com os sujeitos. Ele foi procurado, foi seguido, logo, correspondeu a isso - DEIXANDO-SE - encontrar e dialogar. Ao pedido daqueles dois homens de querer ver de novo, Jesus tem a resposta pronta, mas quer também a vontade deles (o empenho), ou seja, um “querer de dois” entendidos como o querer de Deus e o querer humano – via de mão dupla – para que o milagre de fato se manifeste. Foi o que aconteceu: vontade, expressão e entendimento conjunto. A palavra então se faz ação, fato concreto!

Na vida é assim! Deus nada faz sozinho, mas conta com a parceria humana para realizar os seus prodígios, vida nova.

E nós, será que sabemos o que pedimos?
Acreditamos que Jesus pode fazê-lo? Há um querer-de-dois?
A vontade é apenas ver, ou queremos transformar também?
Torço para que seja a segunda...

(Post editado em novembro de 2014)



Pela Inclusão e pela Vida.





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