Há quem não vê, mas pode ouvir;
Há quem não ouve, mas pode ver;
E quem não vê nem ouve, pode sentir;
Quem não sente, vê e ouve;
E ainda, quem vê, ouve e sente, muitas vezes nem se dá conta...
Esta variante dos cinco sentidos pode revelar o processo natural pelo qual o corpo humano substitui ou compensa um sentido quando há falta de outro. O verbo “sentir” vale para três dos cinco sentidos: paladar, tato e olfato. Enquanto nos referimos a eles muitas vezes na mesma conjugação verbal, pois sentimos gosto, toques e cheiro.
Refiro-me aqui não falar exclusivamente sobre os sentidos em si, mas realçar uma estreita relação simbiótica deles com o cérebro, órgão tão vital e que consideramos como sendo o principal dentre todos os outros do organismo. Certo? Creio que não.
Confesso que sempre acreditei na importância de todos os membros do corpo, cada um com sua funcionalidade agindo no conjunto, mas que o cérebro sempre foi o chefe da casa. Até que, de uns anos para cá, ao notar comentários de neurologistas e geriatras em cujas afirmações fomentavam que as pessoas idosas, na prevenção de doenças relacionadas ao esquecimento, deveriam estimular mais a mente, exercitando-a em tarefas como ler mais, fazer palavras cruzadas, alterar a rotina diária, etc... Comecei a pensar mais no assunto, ao perceber que os idosos da família (pais e tios) reclamavam constantemente do esquecimento até de coisas simples no dia a dia.
Comentando o assunto nas sessões de acupuntura, soube que o famoso preparador físico Nuno Cobra, cujo livro - A semente da vitória - aborda com riqueza de detalhes o enfoque cérebro versus sentidos. Transcrevo então, em enxutas linhas, a versão em que ele apresenta o cérebro como sendo um órgão “burro”:
“O cérebro é capaz de tudo, mas é apenas um fabuloso processador de dados. Digo que o cérebro é “burro” para as pessoas perceberem que é apenas um processador. Quem programa o cérebro são os órgãos dos sentidos. Nada o atinge sem antes passar pela audição, visão, olfato, paladar ou o tato.
Quer um exemplo? Uma pessoa abre a janela ao acordar e vê um lindo dia de sol e diz: 'Hoje vai ser o máximo. Vou realizar uma porção de coisas boas'. A boa mensagem que o cérebro recebe faz com que fabrique hormônios de boa qualidade.
E o inverso também é verdadeiro, isto é, se fosse um dia frio e chuvoso, cuja mensagem pessimista induziria o cérebro a fabricar hormônios de péssima qualidade. “Então uma coisa puxa outra: bem estar provoca mais bem estar e mal estar aumenta o mal estar”.
E fico cá pensando na maravilha que ocorre quando da falta de um ou mais dos sentidos nas pessoas, de como o corpo trata de compensar aquela ausência através da potencialização dos outros sentidos. Esta potencialização é uma energia muito grande para a superação do limite então imposto pela falta daquele órgão, ou seja, os sentidos tem a força de provocar o cérebro para a mudança, a transformação. Logo, o cego pode pela audição aprender a ver, assim como o surdo, pela visão, aprender a ouvir. E o surdocego, através do tato, aprende a comunicar-se.
Ainda bem que o cérebro depende também...
Nosso corpo é perfeito. Pura e simplesmente imagem do Criador!
Pela Inclusão e pela Vida.
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