Passar pela experiência de
encontrar um enxame de abelhas bem na sua frente, diante da sua porta e
surgindo do nada, é uma situação tão inusitada, passível de tornar qualquer um
petrificado com a cena. Ao menos isto me ocorreu.
Foi um susto grande, misturando
medo e torpor ao mesmo tempo, com uma sensação de letargia diante de algo
assombroso, nunca presenciado e que impedia qualquer reação.
Com todas as portas da casa
abertas, idem as janelas e vidraças, terminava eu de lavar a louça e tive a
impressão de que abelhas voavam bem ali no parapeito da janela. Apurei melhor a
visão e notei que eram várias e que iam aumentando consideravelmente. A
primeira sensação que tive foi observar se havia algo doce por perto que as
atraísse, como já aconteceu algumas vezes, ao preparar doces caseiros e ser
surpreendida por elas na cozinha, sempre inofensivas. Não havia nada que
ocasionasse tal atração.
Com as abelhas aumentando
consideravelmente, impulsivamente fechei as vidraças acima da pia e resolvi ir
lá fora para ver de onde vinham. Nem consegui passar da porta, hipnotizada com
aquele fenômeno que se apresentava à minha frente e que impossibilitava de
gritar ou manifestar qualquer reação.
Era um enxame negro, por elas
serem muitas e talvez fossem da variedade africana, mais escuras que a européia,
ou então uma mistura das duas (?) que se movimentavam energicamente em forma de
redemoinho, cujos movimentos circulares de centenas delas se dirigiam de baixo
para cima, do lado de fora da porta, no patamar acima da laje, como que
procurando por algo.
Tornei-me então uma estátua ali
diante da porta, estupefata. Nunca havia presenciado aquilo e nenhum
conhecimento tinha de como lidar numa situação assim. Era fato novo, belo e
mágico, mas também aterrorizante.
Só depois de alguns segundos é
que notei que Nero, o velho labrador negro, dormia sossegadamente aos pés da
porta. Nesse instante o coração deu um salto e acordei para o real. Como podia o
cão nem se importar com um enxame daqueles? Para complicar, Nero sofre de
artroses devido à idade e leva uma eternidade para se deitar ou levantar do
chão, quanto mais pesadão que é.
Pensei numa maneira de tirar Nero
dali. Num impulso, mas devagar, consegui me agachar e aproximar dele. Segurei
sua grossa coleira com as duas mãos e ele acordou assustado, puxei-o para
dentro numa rapidez implacável e com toda a força possível por arrastá-lo,
permanecendo ainda agachada, de modo que pudesse em seguida fechar as vidraças
da porta, de dentro para fora, evitando assim trazer o enxame para o interior
da casa. Levantei-me apressadamente e fui então vedar o que quer que se
encontrasse aberto. Só depois consegui puxar uma cadeira e nela apoiar-me com
as pernas bambas da tremedeira, mas fascinada demais diante do fenômeno.
O espetáculo durou uns vinte
minutos. Tempo que elas utilizaram para se instalar num caixote que encontraram
acima daquela laje, ali fixando moradia.
Providenciada a transferência
do caixote, agora habitado e passado o susto e serenado os ânimos, tratei de
pesquisar sobre essas criaturinhas incríveis, úteis e maravilhosas. Descobri
que no momento do enxame elas não costumam atacar, a não ser que sejam
provocadas. O foco daquele instante era exclusivamente uma moradia onde pudessem
se instalar, próprio de todo enxame.
Talvez o leitor se pergunte: E
o que isto tem a ver com a inclusão?
Diria que muito e não apenas
com a inclusão, mas com nossa sobrevivência alimentar! Pode ser que a resposta
vá alongar muito este post. Sugiro então a leitura de outro que escrevi e segue
abaixo.
https://marciafrizo.blogspot.com.br/2015/05/resistencia-e-esperanca.html
Façamos nossa parte: Salvemos as abelhas plantando flores!
Pela Inclusão e pela Vida
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