PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sexta-feira, 1 de abril de 2016

O TESOURO





Toda semana passo por ali, afinal fica bem no caminho. Inevitável não entrar naquele bazar nem que seja para uma olhadinha apenas. Vez ou outra compro algo, se bem que a renda é revertida para sustentar o trabalho social. Gosto de ambientes diversos, que tem de tudo um pouco como que uma mistura de antiquário e brechó.

Naquele dia, garimpando objetos por curiosidade, eis que encontro duas raridades que cativou logo à primeira vista. Demorei-me na observação daqueles achados, virando e revirando, apalpando a beleza, a delicadeza. E o olhar, logo de cara, entrou em sintonia com o cérebro, que enviou uma mensagem ao coração e finalmente ordenou às mãos que fossem em busca da carteira e finalizasse a operação para aquisição daquela preciosidade.

Mas não havia dinheiro suficiente, nem cartão ou qualquer indício de crédito que cobrisse a oferta. Talvez esse aprendizado de criar o hábito no andar com pouco dinheiro como forma de praticar o desapego... Justo naquela hora de difícil prova, como se encontrasse uma pérola preciosa!

Tratei então de pedir ao funcionário do caixa a guarda ou reserva dos objetos até a semana seguinte. A permissão foi negada, afinal quem trabalha com pouco e ainda mais, fiado? E a resignação diante do desfecho inconcluso daqueles achados provocou certa apatia, diria, uma tristeza que se prolongou até o final do dia e que me colocou a questionar a forte inclinação pela aquisição dos objetos em questão.

Na semana seguinte, movida pela sensação de que poderia encontrá-los ainda por lá, como tem ocorrido com frequência a alguns produtos que ali ficam por determinado tempo até serem vendidos, rumei para o bazar antes de todas as atividades daquele dia, na esperança de poder rever e arrematá-los. Em vão.

Passaram-se duas semanas daquele ocorrido e vejo-me agora refletindo uma das parábolas que Jesus contou – a do Tesouro – encontrada em Mateus 13,44:

“O Reino do Céu é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra, e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens, e compra esse campo”.

Não é preciso dizer que a vida é feita de ciclos que se repetem. Mas é preciso dizer que essa mesma vida, com todas as surpresas que carrega, traz sempre um ensinamento, um aprendizado com os pequenos sinais que nos sucedem no cotidiano: tudo é relativo debaixo dos céus para nos ensinar que é através deles que alcançamos passo a passo o supremo, eterno e definitivo.

E vejo a psicologia e a pedagogia de que Jesus se utiliza ao narrar tal parábola: desejo, empenho, alcance, realização... Nada dispensando nossos sentimentos terrenos e humanos, comum. E, com simplicidade e ternura aponta para a compreensão de que o Reino, tal qual objeto de grande valor pelo qual empenhamo-nos a conquistá-lo, somente se dá através da partilha, da compaixão e da solidariedade vividas, que trazem a verdadeira alegria.

“Onde está o seu tesouro, aí estará seu coração”!




Pela Inclusão e pela Vida.







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