PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Cavalheirismo em extinção?




Bom dia,

Pois não,

Por favor,

Com licença,

Perdão,

Sinto muito,

Permita-me?


São expressões tão bonitas, que indicam a educação que molda o caráter de uma pessoa.

E os gestos que a acompanham, principalmente quando a expressão é iniciativa por parte do homem e dirigido à mulher, assim como: abrir uma porta e dar passagem; permitir o acesso primeiramente; ceder o lugar no assento; dar uma informação; oferecer a cadeira; repartir o chocolate ou o biscoito, dentre outras. E sobre aquele tão tradicional, de se enviar flores, dizem algumas mulheres que o gesto também está escasseando...

Atitudes simples que estão cada vez mais raras... Será isto o “desaprendizado” masculino dando as caras? 

Ah, que pena...

Parece que, nós mulheres, precisamos dar “um toque” nessa situação de modo que atitudes tão nobres e cavalheirescas não desapareçam por completo. Seria triste demais!

Foi experimentando uma cena tão deprimente que resolvi postar o artigo. Voltava de uma visita e tive que fazer a transferência por várias linhas do metrô. A demora nas transferências culminou no horário de pico, de modo que não tinha como evitar aquela multidão apinhada nos vagões, em grande ebulição. Bem no centro do carro, espremida e sem poder dar um passo sequer, à minha frente tinha uma grávida em seus 5 meses de gestação e, ao lado, um paraplégico de muletas. Ao redor, o masculino em maioria.

Aquele deficiente, talvez conhecedor do agito, safou-se rapidamente e encontrou um assento adiante, espremendo-se até. Mas a mulher, com aquele barrigão, não tinha chance alguma e nem poderia correr o risco. Enquanto minha barriga protegia a sua, coloquei o pescoço à procura de um lugar, diante daqueles olhares que não se cruzavam, voltados para cima, para o chão e para fora. Só tive uma alternativa: pedir ou gritar. Sim, gritar pelo respeito, pelo direito e pela compaixão.

Alguém se levantou, mesmo que sem poder nos ver, acenou com as mãos como que chamando para chegar ali, cedendo o lugar. A iniciativa veio não do lado masculino, mas de uma jovem mãe, conhecedora do significado de carregar um fruto dentro de si - fruto que elas, as mães - sempre dão e oferecem ao mundo.

Cavalheirismo em extinção? Quem responderá?





Pela Inclusão e pela Vida.





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