PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

DEFICIÊNCIAS EM CRESCIMENTO




“O choro vem perto dos olhos para que a dor transborde e caia. 
O choro vem quase chorando, como a onda que toca na praia.
Descem dos céus ordens augustas e o mar leva a onda para o centro.
O choro foge sem vestígios, mas deixando náufragos dentro!”
Cecilia Meirelles




A curiosidade das pessoas em relação às deficiências é grande ainda. Isso é um bom sinal, pois mostra que há um reconhecimento da parte delas por desconhecer uma realidade que se mostra cada vez mais evidente. 



O ruim é quando, em direção oposta, o preconceito dá as caras não apenas de forma latente, como também manifesto e descaradamente.

Não bastasse a onda explícita que vemos crescendo em relação ao preconceito de cor e a xenofobia manifesta contra os milhares de refugiados que tem estampado os noticiários. É, o caldo tem engrossado ultimamente. Se, de um lado há um fator positivo que tem apontado a consciência com que as pessoas vem apresentando em relação aos direitos, a cidadania e à convivência de forma igual, por outro, a intolerância vem crescendo e se manifestando de forma banal, desprovida de raciocínio e conceito de valores.

Outro fator em ascensão global e quase não se tem dado a devida atenção: o aumento das deficiências. 

Conversando numa rodinha, abordamos que no Brasil a paralisia infantil está controlada há muitos anos graças às constantes campanhas de vacinação. Também a caxumba, o sarampo e outras doenças diminuíram a incidência de deficiências delas decorrentes. Em contrapartida, tem crescido as deficiências por acidentes de trânsito e armas de fogo por força da violência nas grandes cidades.

E o aumento a que me refiro é justamente essa violência e as guerras que tem se espalhado assustadoramente. As estatísticas quando anunciadas, falam em mortos e feridos, mas sem especificar quantos destes feridos contraíram sequelas como surdez, cegueira e comprometimentos físicos em decorrência das atrocidades bélicas, de como estão recebendo cuidados para o reestabelecimento da saúde e dos movimentos. E o que dizer da disseminação do vírus Ebola pelo continente africano, senão a triste visão que se tem de descaso e abandono à própria sorte, doenças e miséria...

Que sociedade é esta? Que exclui, desqualifica e extermina? 

Seremos também nós, os deficientes de todo tipo, objetos de descarte em nome do status, do belo, cabal e magistral? Como se não bastasse nossa luta diária por trabalho decente e bem remunerado; superação de todo tipo de indiferença e estigma; educação inclusiva; transporte digno que promove? Para nós, pessoas com deficiência, qualquer ausência de membro ou parte do corpo é, em si, uma ausência igual, que não nos desiguala nem desnivela, mas empurra adiante – para a luta!

Na contramão dessas realidades de morte, são tantas as certezas:

É preciso acreditar na paz e na justiça! Cobrar atenção para as políticas públicas promotoras de vida.
É preciso crer na força da vida e lutar por ela.
É preciso deixar-se apaixonar pela vida e cultivar o espírito de solidariedade e partilha.
Acreditar no sonho, na esperança, no sorriso e pequenos gestos de amor.



Pela Inclusão e pela Vida.





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