Dia desses fui conhecer minha
futura prima, a Simone. Digo futura porque faz planos de se casar com o primo
Beto. Ela tem uma semi-tetraplegia, que eu não sei bem definir ainda, pois
acabei de conhecê-la e o assunto não foi abordado mais amiúde. Soube apenas que
ela teve um AVC com apenas 22 anos, que comprometeu os movimentos das pernas e
braços, que faz com que seja auxiliada por uma cuidadora para realizar certas
atividades da vida diária como alimentação, mobilidade e higiene, dentre
outras.
Confesso que fiquei encantada
com seu jeito alegre e extrovertido de ser, sempre sorridente e atenciosa, de
uma calma que contagia.
Confesso ainda, que um
questionamento primeiro veio em minha direção: como tenho me comportado com
meus limites diante da vida, se com alegria, extroversão e calma? Eu cuja
deficiência passa despercebida diante de toda a limitação que meus olhos
presenciaram ali, ao conhecer uma pessoa incrível, que quer fazer parte da
família. É uma deficiência totalmente nova para nós, pois em nosso meio convivemos
entre cadeirante, surda, intelectual e Down! Então é mais uma para agregar e
fazer a diferença!
E outro questionamento veio em
seguida: quem depende mais de alguém? A criança, o idoso, o doente, o
deficiente???
Talvez seja uma pergunta
irrelevante. Todos somos dependentes de alguém. Talvez seja pela falta desse
questionamento que a sociedade discrimina tanto e exclui.
E quando digo que todos somos
dependentes, não quero dizer que não temos independência. Muito pelo contrário,
há muitas pessoas comprometidas fisicamente que tem uma autonomia ímpar, de deixar
queixo caído. A autonomia e a independência é uma pauta que consta no rol da
inclusão.
E quando digo sobre depender
quero dizer que não há mal algum em ser dependente, de necessitar ser auxiliado
em algo: todos precisamos de todos! Já nascemos dependentes da mãe para mamar,
andar, falar, etc. Precisamos do padeiro para o pão diário, assim como do
agricultor para semear o trigo; do motorista para nosso ir e vir; do lixeiro
para o lixo; do catador para a coleta seletiva... Precisamos até o infinito!
Hoje, por exemplo, véspera do
último dia de 2015 e aqui em casa estamos sem linha no telefone. Precisamos do
reparo, mas enquanto ele não vem, empresto meu celular para que minha mãe possa
fazer as ligações. E mesmo que o celular me dê autonomia para realizar chamadas
via whatsapp, torpedos ou mensagens, também dependo do ouvido dos outros para
que realizem ligações através do telefone fixo.
Se pararmos um pouquinho para
analisar como é a vida e os laços que nos envolvem, veremos o quão grande é
esta dependência tão necessária e saudável para a nossa convivência humana.
O Ano Novo já está aí, então em
2016 vamos precisar de todo mundo!
Paz, Amor, Esperança e Inclusão
(Editado em dezembro/2015, porém, sempre atual a necessidade que temos uns dos outros)
Pela Inclusão e pela Vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário