LIMIAR

Pensava que já te conhecia,

Falando quase todo dia de qualquer lugar.

Carinho, versos e interrogações,

Medos surgiam à medida que

Aprofundavam as correlações.

Inquietação, suor e revelação,

Coragem e ousadia,

Determinação, teu nome é enfrentar...

Felicidade dar, decepção não ter,

Pura ilusão.

Pensava que já te conhecia,

Através da telepatia ou intuição.

Enquanto escrevias, cá eu desenhava,

E juntava ambas as criações

A contar estórias do coração.

Querer não é poder?

Poder não é querer?

Poder e querer! Fusão e assimilação.

No desejo de encontrar o eixo em questão,

Segue cada qual no silêncio e solidão.

Que fazer? Que buscar?

Ir por onde for...

Descer pelo infinito e chamar o vento,

Mergulhando no abismo.

Rasgar a terra nua, descobrindo o chão

Feito sangue e suor, na imensidão.

Calar mas sonhar,

Recolher fragmentos de contatos,

Versos declarados,

Feitos de mistério, não revelados.

Palavras não ditas, emoções sufocadas,

Sussurros contidos, arroubos vertidos,

Na pele a colar.

É preciso gritar e recomeçar,

Com vontade, calos na ferida,

Reiniciar a travessia...

Aprender, reaprender,

Semelhanças, diferenças e combinação!

Descobrir no outro

Mistério, unicidade e paixão!

No limiar, vou recomeçar.