PRESENTES... PRESENÇA

“Gastei uma hora pensando um verso

Que a pena não quer escrever.

No entanto ele está cá dentro

Inquieto, vivo.

Ele está cá dentro

E não quer sair.

Mas a poesia deste momento

Inunda minha vida inteira.”

(Carlos Drummond de Andrade)

Não foi uma hora, nem foi um verso. Quando uma realidade é muito complexa, as palavras e as ideias para expressá-la  ziguezagueiam, procurando se encaixar de modo a criar formas de vir a lume.

Bastou apenas esta joia do Drummond, o verbo – inundar – para ter a noção do quanto algo que transborda dentro de nós quer sair, precisa e deve sair para encontrar-se com outras, digamos, inundações...

Inundações de imagens, olhares, falas e reações humanas diante do ato de ser presenteado com um mimo, um brinquedo. De um lado a ansiedade, os gritos, a alegria e o prazer. De outro, apenas a indiferença.

Quanta diferença!

Por quê?

Não sei!

A lógica diz que há parâmetros explicáveis. Creio nisso. Mas a experiência de vivenciar o momento, revelam que não há necessidade de explicações.

Deixo algumas imagens, elas falam por si.

Preservo seus rostos e nomes, zelando pela integridade, regras da instituição.

(Este post foi editado em dezembro de 2014, por ocasião da entrega de presentes de Natal aos assistidos do CENL "Casas André Luiz". Para proteger seus 600 internos com deficiência intelectual da unidade de longa permanência, a entidade não permite a divulgação de fotos. As poucas que exibi acima, tirei-as de modo a não revelar suas identidades, mas enfocar a dimensão da alegria, do empenho e da ansiedade com que o momento é esperado por todos eles. É um contexto onde palavras não definem o sentimento, diante de tanta simplicidade e inocência. Hoje, com nova edição do evento, por que não repostá-lo?)

Repostado hoje, por ocasião da Festa de Reis, os Magos que vieram adorar o Jesus Menino, trazendo-lhes presentes.

Pela Inclusão e pela Vida.