Por favor, envie um sms!
Foi assim que li no visor do
celular, depois daquela vibração insistente do aparelho, indicando que a chamada
provinha de uma ligação via telefone e não por torpedos ou Messenger ou ainda
via Whatsapp.
Faz apenas seis meses que
troquei o aparelho e mal conheço todos os aplicativos de que dispõe. Confesso
que aprendi a identificar a vibração dos toques curtos das mensagens digitadas
que recebo e diferem da ligação audível, sendo esta mais longa e intermitente.
E naquele instante meu coração
deu um salto de alegria, como também nos seguintes, depois que percebi as três
opções que o visor mostrava à disposição para responder às ligações audíveis.
Mas como não vi isto antes? Será que foi durante a atualização automática do aparelho que isto foi
incluído? Já observei que há nele dispositivos acessíveis para cegos, mas que
diferem das necessidades dos surdos, pois, enquanto o universo deles (cegos) é
audível, o nosso é visual e completamente diferente.
Diante daquela descoberta
maravilhosa, fruto dos aprimoramentos que vem sendo feitos pela tecnologia,
para os ouvintes pode até parecer insignificante, mas para quem não ouve é uma
ferramenta e tanto, como que mágica!
Tive até um deslumbramento ao perceber
que agora poderei dispensar (embora esteja ficando raro) pedir para alguém atender meu celular quando for chamada audível, e dizer do que se trata. Quantas vezes ocorreu
de algum desavisado se esquecer de que não atendo a esses telefonemas e ter que
desligar o telefone “na cara”, mesmo que estando nos contatos gravados.
E saber que esta descoberta só ocorreu
porque a vizinha de muitos anos do bairro e também companheira de ginástica, se
esqueceu da aula e resolveu perguntar-me via celular. Ao invés de mensagem
escrita, fez uma ligação comum (esqueceu-se da minha surdez também) quando já
me encontrava na aula. Tão logo senti a vibração constante, abri o aparelho e
deparei-me com as três opções nele disponíveis: eu poderia simplesmente
encerrar a ligação; ou enviar um aviso pronto “Por favor, envie um sms”; ou
ainda optar pela abertura do teclado e digitar uma mensagem pessoal.
Escolhi a segunda opção, pela
praticidade de apertar um botão apenas. E logo recebi um torpedo da mesma, onde
tudo se resolveu.
Encerrei a conversa. Mas fiquei
com os olhos fitos no aplicativo. Daí não via a hora de terminar a aula para
vasculhar o aparelho e descobrir melhor os recursos de que dispõe. Ah, se não fosse aquele esquecimento...
Que coisa bárbara, com gostinho
de independência no ar! Agora vou gostar de receber aquelas ligações "impossíveis" só para poder utilizar-me desses recursos.
E viva as tecnologias
assistivas!
Pela Inclusão e pela Vida.
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