PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sábado, 20 de junho de 2015

POR FAVOR, ENVIE UM SMS




Por favor, envie um sms!

Foi assim que li no visor do celular, depois daquela vibração insistente do aparelho, indicando que a chamada provinha de uma ligação via telefone e não por torpedos ou Messenger ou ainda via Whatsapp.

Faz apenas seis meses que troquei o aparelho e mal conheço todos os aplicativos de que dispõe. Confesso que aprendi a identificar a vibração dos toques curtos das mensagens digitadas que recebo e diferem da ligação audível, sendo esta mais longa e intermitente.

E naquele instante meu coração deu um salto de alegria, como também nos seguintes, depois que percebi as três opções que o visor mostrava à disposição para responder às ligações audíveis.

Mas como não vi isto antes? Será que foi durante a atualização automática do aparelho que isto foi incluído? Já observei que há nele dispositivos acessíveis para cegos, mas que diferem das necessidades dos surdos, pois, enquanto o universo deles (cegos) é audível, o nosso é visual e completamente diferente.

Diante daquela descoberta maravilhosa, fruto dos aprimoramentos que vem sendo feitos pela tecnologia, para os ouvintes pode até parecer insignificante, mas para quem não ouve é uma ferramenta e tanto, como que mágica!

Tive até um deslumbramento ao perceber que agora poderei dispensar (embora esteja ficando raro) pedir para alguém atender meu celular quando for chamada audível, e dizer do que se trata. Quantas vezes ocorreu de algum desavisado se esquecer de que não atendo a esses telefonemas e ter que desligar o telefone “na cara”, mesmo que estando nos contatos gravados.

E saber que esta descoberta só ocorreu porque a vizinha de muitos anos do bairro e também companheira de ginástica, se esqueceu da aula e resolveu perguntar-me via celular. Ao invés de mensagem escrita, fez uma ligação comum (esqueceu-se da minha surdez também) quando já me encontrava na aula. Tão logo senti a vibração constante, abri o aparelho e deparei-me com as três opções nele disponíveis: eu poderia simplesmente encerrar a ligação; ou enviar um aviso pronto “Por favor, envie um sms”; ou ainda optar pela abertura do teclado e digitar uma mensagem pessoal.

Escolhi a segunda opção, pela praticidade de apertar um botão apenas. E logo recebi um torpedo da mesma, onde tudo se resolveu.

Encerrei a conversa. Mas fiquei com os olhos fitos no aplicativo. Daí não via a hora de terminar a aula para vasculhar o aparelho e descobrir melhor os recursos de que dispõe. Ah, se não fosse aquele esquecimento...

Que coisa bárbara, com gostinho de independência no ar! Agora vou gostar de receber aquelas ligações "impossíveis" só para poder utilizar-me desses recursos.


E viva as tecnologias assistivas!




Pela Inclusão e pela Vida.







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