“Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, Deus
enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher...” Gálatas 4,4.
Cada vez que abro a caixa de papelão que guarda o
presépio de quase cinquenta anos e observo o tom amarelado que o tempo marca nas
folhas que o envolvem, sinto que estou diante de um ritual da vida: a novidade
que desponta, que começa de novo e traz mudanças. É uma energia tão boa, que provoca
alegria e alimenta a esperança.
Para redobrar essa alegria, neste ano resolvi
montar o pequeno presépio junto com o sobrinho caçula e único ainda criança,
porque os demais já crescidos, homens e mulheres feitos, seguem ocupados com
suas lidas. A ansiedade e emoção substituíram a costumeira energia do pequeno,
entretido a desembrulhar cada peça e surpreender-se com o que tinha em mãos a
cada vez:
- Olha, tia! Um boi, e ele têm chifres!
- Nossa, que burro grande.
- Esse porquinho é muito lindo...
Enquanto ele se deslumbrava, decidi ajeitar a
manjedoura, colando as partes mais frágeis para que pudesse sustentar o
telhado, sendo interrompida a toda hora e ter que voltar o olhar ao que ele
dizia.
- Vamos montar agora? Ele perguntou impaciente.
Respondi que primeiro deveria reforçar a cabaninha
e ajeitar a mesa e então poderíamos montá-lo.
- Mas desse jeito vai demorar muito e terei que ir
embora sem poder te ajudar, ele retrucou.
Então eu disse-lhe que daríamos um jeito e que ele não
pensasse no tempo.
Voltei à tarefa e deixei que usasse a imaginação,
ensaiando uma montagem à sua maneira infantil. Contei-lhe ainda sobre o
primeiro presépio, criado por São Francisco, que amava os pobres, os animais e
a natureza.
De vez em quando, olhava pelo canto do olho para
ver o que ele fazia e notei que uma fila indiana surgia no parapeito da janela,
a começar pelo Menino Jesus, seguido de seus pais, dos Reis Magos e finalmente
pelos animais:
- Camelo, vaca, cabra, pato, galinha, ovelha... Ele
repetia cada bicho enquanto alinhava-os na janela. Quando terminou seu intento,
aproximou-se e tocou em meu braço para que observasse aquela que ele denominou
de “Caravana que estava de partida para Jerusalém”...
Tive vontade de deixar a criatividade do menino
permanecer ali, por toda a extensão da janela, tão original e singela, tão
criança. Mas o fator chuva e vento trariam estrago àquelas frágeis esculturas. Sugeri
que transferíssemos para a mesinha, mas sua mãe chegou para buscá-lo e tive que
terminar a montagem sozinha.
Um presépio, uma criança, a inocência e o mistério... Amo!
Pela
Inclusão e pela Vida!
(Post editado em 2014)
(Post editado em 2014)
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