PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

O PRESÉPIO




“Quando, porém, chegou a plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho. Ele nasceu de uma mulher...” Gálatas 4,4.


Cada vez que abro a caixa de papelão que guarda o presépio de quase cinquenta anos e observo o tom amarelado que o tempo marca nas folhas que o envolvem, sinto que estou diante de um ritual da vida: a novidade que desponta, que começa de novo e traz mudanças. É uma energia tão boa, que provoca alegria e alimenta a esperança.

Para redobrar essa alegria, neste ano resolvi montar o pequeno presépio junto com o sobrinho caçula e único ainda criança, porque os demais já crescidos, homens e mulheres feitos, seguem ocupados com suas lidas. A ansiedade e emoção substituíram a costumeira energia do pequeno, entretido a desembrulhar cada peça e surpreender-se com o que tinha em mãos a cada vez:

- Olha, tia! Um boi, e ele têm chifres!

- Nossa, que burro grande.

- Esse porquinho é muito lindo...

Enquanto ele se deslumbrava, decidi ajeitar a manjedoura, colando as partes mais frágeis para que pudesse sustentar o telhado, sendo interrompida a toda hora e ter que voltar o olhar ao que ele dizia.

- Vamos montar agora? Ele perguntou impaciente.

Respondi que primeiro deveria reforçar a cabaninha e ajeitar a mesa e então poderíamos montá-lo.

- Mas desse jeito vai demorar muito e terei que ir embora sem poder te ajudar, ele retrucou.

Então eu disse-lhe que daríamos um jeito e que ele não pensasse no tempo.

Voltei à tarefa e deixei que usasse a imaginação, ensaiando uma montagem à sua maneira infantil. Contei-lhe ainda sobre o primeiro presépio, criado por São Francisco, que amava os pobres, os animais e a natureza.

De vez em quando, olhava pelo canto do olho para ver o que ele fazia e notei que uma fila indiana surgia no parapeito da janela, a começar pelo Menino Jesus, seguido de seus pais, dos Reis Magos e finalmente pelos animais:

- Camelo, vaca, cabra, pato, galinha, ovelha... Ele repetia cada bicho enquanto alinhava-os na janela. Quando terminou seu intento, aproximou-se e tocou em meu braço para que observasse aquela que ele denominou de “Caravana que estava de partida para Jerusalém”...

Tive vontade de deixar a criatividade do menino permanecer ali, por toda a extensão da janela, tão original e singela, tão criança. Mas o fator chuva e vento trariam estrago àquelas frágeis esculturas. Sugeri que transferíssemos para a mesinha, mas sua mãe chegou para buscá-lo e tive que terminar a montagem sozinha.

Um presépio, uma criança, a inocência e o mistério... Amo!


Pela Inclusão e pela Vida!

(Post editado em 2014)




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