PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sábado, 28 de maio de 2016

ARROZ, FEIJÃO, CARNE E SALADA




Publiquei em 26 de abril, aqui no blog, um post sobre a Década de Ação sobre Nutrição, cujo assunto – alimentação e nutrição – enfocou a preocupação mundial com relação ao aumento das desigualdades sociais e consequentemente da fome e desnutrição que tende a aumentar daqui por diante.

Falando sobre isso com minha sobrinha Bárbara, atualmente mestranda pela Unicamp, relembramos da análise que eu havia feito em seu Trabalho de Conclusão de Curso, quando ela finalizava Ciências Sociais pela Unifesp e fundamentava seu estudo na área da alimentação.

Embora a tese não aborde a desnutrição e a fome como consta naquele post, achei interessante mencionar que a Bárbara conseguiu tocar nas diferenças e distâncias entre camadas distintas da população no quesito ligado à alimentação, ao escolher o tema: “Crenças, distinções e práticas alimentares com a formação do gosto infantil em escolas socialmente diferenciadas de SP”.

Percebi no desenrolar de tese que, muitas vezes, o desenvolvimento do seu conteúdo oscilava entre o social e a nutrição, e ela conseguia fazer uma ponte entre esses dois parâmetros, sem se deixar levar unicamente pelas vertentes de um ou de outro, mas focando exclusivamente o comportamento das crianças diante da alimentação.

Não pretendo discorrer sobre a complexidade do feito, mas enfocar apenas alguns e poucos tópicos que chamaram atenção em relação ao fato levantado como as crianças já tem noção, desde a escola fundamental, a respeito de uma boa e saudável alimentação enquanto fator decisivo que norteará o futuro de suas vidas.

Refiro-me ao questionário elaborado para entrevistar as crianças, bem como suas famílias em escolas socialmente diferenciadas da Capital.

Num apanhado geral, com perguntas simples e básicas, o foco das perguntas estava estritamente voltado para - o que se come - e – noção da qualidade do que se come -.

O questionário aplicado em escolas da rede pública demonstrava primeiramente a forma aberta com que foi acolhido pela direção da escola, das crianças e suas famílias, e em seguida, a maneira simples e espontânea das respostas de alunos, em sala de aula ou no intervalo diante da merenda ou da lanchonete escolar.

E percebi que, mesmo não apresentando situações de desnutrição entre as crianças, as respostas revelaram que muitos dos alimentos consumidos estão levando as crianças a outra problemática: a obesidade infantil, o outro extremo, e que não deixa de ser preocupante para a saúde pública.

Segue breve relato de algumas crianças.

- Eu gosto mesmo é de comer “besteiras” (salgadinhos, hambúrguer, refrigerante, chocolate);

- Eu gosto é da comida da minha avó (alusão à mãe que trabalha fora);

- Para mim a comida “normal” é arroz, feijão, carne e salada;

- Eu vou de batatas fritas, coxinha e pastel.

- A gente sabe que só come porcaria...



Perguntadas sobre as refeições que são feitas junto à família, grande parte respondeu que ela acontecia na hora “da janta” por ser o momento em que todos estavam em casa (maioria dos pais trabalham fora), sendo que houve até quem afirmasse que existe uma observância das boas maneiras junto à mesa na família.

Quanto à aplicação do questionário na rede privada de ensino, infelizmente tornou-se infrutífera a coleta de dados que contribuísse com o panorama da alimentação, dificultado pelo pouco acesso da pesquisadora, mesmo diante de várias tentativas junto à direção, onde a questão de segurança falou mais alto. A colaboração de uma professora contribuiu para o acesso do questionário a alguns alunos. Pouquíssimos retornaram, alguns questionando a pesquisa, outros negando informações.

 A percepção ficou por conta de que, quanto mais elitizado o ambiente escolar, mais difícil o acesso à pesquisa, comprometendo assim ouvir relatos do que seja ou não uma boa alimentação naquele estrato social, contribuindo assim para o equilíbrio da pesquisa.

Por isso que digo sempre que a inclusão deve favorecer a todos os meios, ambientes e pessoas, independente de credo, cor, classe social ou outra forma que trate com indiferença seres dotados de igualdade e liberdade entre si.

Fecho o post com a resposta de uma das crianças acima: “Feijão, arroz, carne e salada". Viva as diferenças!





Pela Inclusão e pela Vida!



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