Sonho tem cor? Tem som?
Meu amigo Markiano, que é cego,
faz palestras motivacionais e de conscientização sobre a cegueira e deficiência
visual. Escrevendo em seu blog, ele contou que estava palestrando num evento e,
ao final do colóquio, quando normalmente abre o diálogo com o público para
perguntas e dúvidas, uma jovem perguntou-lhe se ele sonhava em cores.
Ele respondeu à moça que até achara
a pergunta interessante, pois isto fez com que ele pensasse um pouco a respeito,
já que não era algo abordado em suas falas. Na verdade, ele nem pensava sobre
isso, dada tanta agitação que é sua vida e tratou de apresentar a visão de uma
pessoa cega, que varia de pessoa a pessoa, onde alguns veem imagens abstratas,
outros, sombras e outros ainda que nada veem. Mas que é desprovida de cores.
Achei interessante aquele artigo
e chamei ele para a conversa, relatando que também já fui perguntada alguma vez
se em meus sonhos eu ouvia sons, ruídos e música.
O interessante é que nunca havia
pensado sobre isto. A partir do momento que comecei a prestar atenção (se é que
se pode prestar atenção num sonho [risos]) fui descobrindo que eles são uma
projeção da vida real da pessoa, ao menos para mim.
Meus sonhos não têm som, nem
gosto e duração do tempo. Creio que o som gravado na memória de uma pessoa
ouvinte, como um choro de bebê, buzina de carro, água correndo pela torneira
nada mais são que sons “digitalizados” arquivados na memória da pessoa.
Então quem nasceu surdo, não tem
memória auditiva arquivada. E quem adquiriu surdez com o passar dos anos, como
é meu caso, vai perdendo gradativamente esse arquivo.
Ouvir, sonhar...
Olhar, sonhar...
Viver e sonhar!
Sonho bom mesmo, é aquele na
tranquilidade de uma noite sem barulho e luzes ofuscantes, penso eu!
Pela Inclusão e pela Vida.
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