O menino corria de um lado para outro, remexendo nas prateleiras. Apalpava um utensílio e tornava a correr, aparentando criança esperta e corriqueira. Mas a fila andava tão devagar que, num determinado momento, ele deu um esbarrão e pisou no meu pé. Bem no dedão. Aquilo doeu e só então olhei com mais atenção para aquela criança inquieta.
Corria sozinho, nenhuma outra criança o acompanhava. Olhei para trás, no sentido de ver alguém na fila – a mãe, o pai ou algum irmão. Demorou um pouco para ele localizar a mãe a uma certa distância. Pensei que talvez a grandeza do ambiente e sortimento de objetos concentrasse demais sua atenção, que ele se inebriava com tudo ao redor.
Foi então que um pensamento veio, se ao menos a mãe pedisse a ele para que diminuísse os passos agitados...
Quando ele passou mais uma vez pela frente da fila, é que pude perceber algumas diferenças que o distingue das demais crianças ariscas que encontramos por nossos caminhos: a presença de autismo. Situação em que, quando de nível moderado ou grave, é uma situação mais complexa no comportamento da criança.
E aquele pensamento que aflorou, de correção, tão comum em muitos casos, tornou-se meu questionamento quanto a meu olhar, meu pensar, meu julgar.... Tenho sempre que aprender, temos que aprender. E não discriminar!
O Autismo - o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é o transtorno que compromete habilidades de comunicação e interação na sociedade, bem como a realização de movimentos e comportamentos repetitivos.
O Autismo não tem causa conhecida. O diagnóstico é comum na infância, entre os 2 e 3 anos de idade. Não há cura. Mas há um universo de estudos e pesquisas que apresentam avanços, adaptações, evoluções nas habilidades e bem-estar de crianças, adolescentes e adultos com autismo.
Através da estimulação e tratamentos com fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e educação o autista desenvolve melhor suas habilidades humanas e sociais.
Os sintomas do autismo podem variar dependendo das formas leve, moderada ou grave. Os mais comuns são:
Isolamento;
Dificuldade de comunicação onde não conseguem falar corretamente e não se expressam com as palavras;
Dificuldade de socialização, em fazer amigos, olhar nos olhos;
Padrão de comportamento repetitivo com fixação por objetos;
Frieza emocional;
Brincar sozinho, geralmente com os mesmos objetos;
Desconhecimento do perigo, pouca demonstração de dor;
Agitação em público ou em locais barulhentos;
Autoagressão e agressão a outros.
O conhecimento e a informação, aliada a um possível contato com pessoas autistas ou suas famílias, cada vez mais crescentes, contribuirão para alargar nosso horizonte quanto o conceito e a vivência do Transtorno do Espectro Autista em nossa vida, acolhendo as diferenças, reconhecendo seus valores e habilidades no convívio por uma sociedade mais plural e inclusiva.
Pela Inclusão e pela Vida!
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