Toda quarta-feira faço a parada
naquele ponto para trocar de coletivo. Bem em frente daquela parada fica uma loja
de doces. São várias as manhãs que dali observo o entra e sai constante de
pessoas em busca de forração para o estômago. A impressão que fica indica que a
maioria sai de casa sem o café da manhã. É uma pena porque, conforme pesquisa
apresentada recentemente, o brasileiro se alimenta mal, a começar pelo desjejum.
Não, o assunto de hoje não é
sobre alimentação, embora seja uma abordagem muito relevante e que em breve
pretendo falar a respeito, com ajuda da
Bárbara minha sobrinha, que inclusive abordou o assunto em sua tese de
conclusão de curso.
É sobre a delícia, o sabor de
repartir uma bolacha com alguém!
Então, voltando ao fato, numa
dessas manhãs perdi o segundo ônibus pura e simplesmente porque me entretive ao
presenciar cena tão bonita. Três jovens amigos, dois rapazes e uma garota que saíram
da referida loja com pacotinhos nas mãos. Ela segurava uma garrafa de suco
enquanto um dos rapazes tinha um pacote de salgadinhos e o outro, de bolachas.
Afastaram-se do ponto e foram
lanchar na mureta de apoio ao imóvel vizinho. O salgadinho e o suco logo foram
devorados pelos três numa rapidez que indicava que aquela deveria ser a
primeira refeição do dia. Depois, foi a vez do pacote de bolachas, circulando
de mão em mão enquanto a conversa rolava.
O leitor deve até pensar que
naquele momento eu não teria nada o que fazer senão observar uma cena da vida
dos outros...
Sim, isto é verdade! Realmente
estive observando aquele achado de partilha comum e pude concluir o quão bonito
foi o desenrolar daquele final, quando um deles segurou como que sendo o último
biscoito do pacote em uma das mãos e ofereceu-o aos colegas. Pude concluir que,
pelo gesto negativo da garota, feito com a cabeça, ela cedia o seu quinhão aos
amigos que, sem perda de tempo, partiram-no ao meio e degustaram cada qual o seu bocado.
Nesta vida nossa de cada dia, alguns partilham sonhos,
outros, esperanças! Partilhar um pacotinho de bolachas, por mais barato que
seja, com ou sem recheio, também é um gesto de amor, doação, humildade e de
companheirismo, sinal de alegria com a presença do(s) outro(s).
Oxalá, tenhamos sempre à bolsa
ou na maleta um pacote de bolachas...
“Então
Jesus entrou para ficar com eles. Sentou-se à mesa com os dois, tomou o pão e abençoou,
depois o partiu e deu a eles.” (Lucas 24,30)
Pela Inclusão e pela Vida!
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