É a pergunta que faço a mim
mesma toda vez que vejo uma mãe idosa acompanhar o (a) filho (a) com
deficiência. Seja no ônibus, na rua, nos consultórios, em qualquer lugar.
Falei mãe porque a maioria é a mãe
mesmo que está ali ao lado. Difícil vê-las largar seu rebento, mesmo na velhice,
com todas as surpresas que a vida vai moldando...
Aqui na rua passa uma única
linha de ônibus. A linha 281. Em seu itinerário, tem uma parada – a mais longa
e demorada – num centro de especialidades médicas que, além de atender o
público em geral, tem uma ala exclusiva para atendimento de pessoas com deficiência
(modéstia à parte, uma conquista árdua que conseguimos implementar alguns anos
atrás junto ao poder público). Pois bem, ali é o mais movimentado ponto de
parada daquela linha, cujos veículos adaptados não dão conta de tamanho
contingente.
E nesses anos todos, o que se
pode verificar dentre os usuários da linha, é a grande quantidade de PcDs
que a utilizam para frequentar os serviços oferecidos nas especialidades
médicas dali. Destes, a deficiência mais numerosa é a intelectual, seguida pela
deficiência física. Como os avanços da inclusão tem sido positivos, hoje está
mais visível a presença dos deficientes aos meios comuns, que deixam o
isolamento da sua casa e interagem com um número maior de pessoas, sejam médicos,
fisioterapeutas, educadores, enfim com companheiros iguais de condição.
Resumindo: saem da “caixinha” para o mundo.
Por ali, vê-se que são tantas as mães que pegam o
filho de 30, 40 ou mais anos pela mão e atravessam a rua. Dão sinal para o coletivo e
os ajudam a superar cada degrau. Atravessam a catraca e procuram por um assento
amarelo – aqueles disputados entre idosos e deficientes, ou então algum cedido
com benevolência. E na hora de descer, tem que ir à frente mesmo e segurando
igual criança, sob risco de tropeço e fuga pelas ruas.
Dá para imaginar como é a vida
dessas mães todo santo dia! As leoas objeto deste post, as lutadoras que impulsionam
tal movimento adiante. O que seria dos filhos sem elas?
E a pergunta que não cala:
depois delas quem virá, quem cuidará? Qual tutor levará adiante esse ânimo todo
com coragem e esperança de algo bom e saudável para pessoas tão especiais? Será
a irmã ou o irmão? Os sobrinhos ou os padrinhos?
O Estado?
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Nove horas da manhã, sexta-feira. Adentrei o portão que dá acesso à instituição. Do outro lado adentrava também um veículo oficial, vindo de uma pequena cidade do interior. Além do motorista, um casal já idoso desembarcava com dificuldades, um deles auxiliado por um andador. Foi somente uma observação e segui para a atividade do dia.
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Nove horas da manhã, sexta-feira. Adentrei o portão que dá acesso à instituição. Do outro lado adentrava também um veículo oficial, vindo de uma pequena cidade do interior. Além do motorista, um casal já idoso desembarcava com dificuldades, um deles auxiliado por um andador. Foi somente uma observação e segui para a atividade do dia.
Mais tarde, num intervalo, atravessando
a alameda sob o sol que aquecia aquela manhã fria, observei sentados juntinhos aquele
casalzinho e o filho deles, paciente da casa. Desfrutavam da visita, apagando a
saudade e curtindo afetos. A cena indicava que chegara aquela etapa de quem já
não reúne mais forças para o cuidado daquele que foi um sonho que sonharam
juntos. O rapaz, aparentando mais de quarenta anos, aquecia-se também ao sol
recostado em sua cadeira de rodas e envolto de agasalhos, silencioso, alheio a
tudo em redor. Mas bem amado, bem cuidado...
Toda vez que vejo cenas assim, vem
a pergunta: Quem cuidará depois?
Meu anseio é que haja sempre um
Anjo cuidador. Com asas, sem asas. Mas com amor!
(Postagem de maio/2018)
(Postagem de maio/2018)
Pela Inclusão e pela Vida!
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