NÃO À EXCLUSÃO
A experiência de ter ficado por
algumas horas de ontem presa no trânsito, permitiu momentos de sobra para
refletir as manifestações populares que vem ocorrendo pelo país: o vislumbrar da
juventude que faz a nação acordar como não se via desde o movimento pelas
diretas em 1984 e os caras-pintadas em 1992.
Vivi a infância e juventude
sob o regime militar, quando corria solta a repressão, a censura e a
perseguição a todos os contrários. Recordo-me de quando meu pai contava aos
filhos sobre a falta de democracia, dos presos políticos, bem como a proibição
de falar mal do presidente.
Hoje os tempos são outros.
Em plena democracia, já passou da hora do povo acordar para as constantes
exclusões a que estamos submetidos: nossa tarifa de transporte público está
entre as mais caras do mundo. Não só cara como também de baixa qualidade; a
saúde em colapso; a educação relegada; corrupção que grassa e a inflação em disparada.
É justa a manifestação.
Diante desse quadro deficitário
é incoerente ver tantos bilhões que já foram gastos e outros milhões que ainda faltam
aos preparativos da copa. A um ano do evento e sabe–se lá como ficarão os rumos
do país. A questão é: o futebol ou qualidade de vida? Montar o circo à custa do
pão?
As manifestações são justas,
bem como a pauta, cujos direitos coletivos interessam e diz respeito a toda a
nação, ao contrário de outras manifestações que vem ocorrendo, de gênero e
opção, mas que interessa apenas a alguns. Porém, por mais justo e pacífico que
seja o movimento há de se admitir que não esteja imune às infiltrações de
agitadores, anarquistas e correntes partidárias que podem minar o direcionamento
das reivindicações, como é próprio de ocorrer, enfraquecendo a bandeira de luta,
se antes não houver um comando único e coeso.
Oxalá sejam esses primeiros
passos do movimento, direcionados a uma grande caminhada da população por
mudanças tão necessárias ao país e que a pauta encontre espaço em nossa
história, marcando páginas às gerações que virão.
Em tempo: que a lição de casa seja também
aplicada nas eleições.
Inclusão é vida.
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