Como todo mundo!
Quando visitamos alguém no
hospital, em geral sabemos que a sua permanência ali não é definitiva. Pode ser
que durem uns dias, semanas ou até meses, dependendo do quadro que apresente.
Se nos reportarmos agora a alguma
instituição que abrigue em tempo integral, pessoas com deficiência intelectual
com associações de outras, vemos que já não se trata de uma estadia breve ou
transitória, mas permanente. Com a maioria dos ali assistidos, é por toda a
vida.
E fico pensando no panorama entre
estes dois polos, de como muda totalmente o contexto. Pergunto-me como fazer
com que o segundo não perca a qualidade de vida como o primeiro, ou seja, tenha
todo o envolvimento social, cultural, afetivo e de suporte para os cuidados
necessários de modo que sua vida não seja inerte, mas de contínua interação.
A realidade tem mostrado que quando
se ingressa numa instituição já não se pensa e age como antes (se é que assim o
foi): em função da família, do seu espaço e relações consigo, com o outro e com
o mundo; a liberdade de ir e vir, de interagir nas esferas da sociedade como um
todo. É uma mudança radical. Aquele será o novo lar, não apenas da família de
sangue, mas de uma infinidade de pessoas das mais diversas origens, raças,
condições e cor.
E chega o momento que a pessoa
que visitamos no hospital terá alta médica e voltará para sua casa. Logo se
restabelecerá à vida comum, ao passo que, em relação aos internos de
instituições (motivada seja por falta de guarda na família ou parentes, por situação
social incapaz de suprir as necessidades básicas ou, ainda, por determinação
judicial) estes passarão por uma longa adaptação à nova família num novo
ambiente, bem como aos costumes ali vigentes. Não são situações sem dor.
E a superação desses estados
dolorosos, dos laços que foram desfeitos para dar lugar a uma nova vida, só acontece
através da união de filosofias, metas, esforços e dedicação constante da
instituição, seus gestores, funcionários e colaboradores através do trabalho
árduo de arregimentar forças, recursos e doações, pessoas e voluntários para
oferecer qualidade de vida digna àqueles que ali formam uma grande família.
E da união de esforços conjuntos
pode-se vislumbrar que o resultado tem proporcionado trabalho interno, estudo
especializado, atendimento médico, odontológico, fisioterápico, psicológico, fonoaudiológico;
praticas esportiva; música; dança e uma infinidade de atividades culturais e de
interação. Um trabalho dedicado e tanto.
Infelizmente, quando se divulga
esse belo trabalho, nem todas as pessoas do “mundo aqui de fora” acolhe e
reconhece esta realidade. Poucos abraçam a causa. Medo? Preconceito? Que será?
Talvez os paradigmas ainda
arraigados que teimam em nossa cultura, necessitando de renovação, de um banho
de inclusão a transformar mentalidades e atitudes em ações mais humanizadas e
motivadoras do conhecimento, respeito e bem-querer do outro, que é diferente
mas tão igual!
E me recordo daquele dia em que,
ao final do curso de capacitação de novos voluntários, foi-nos dito que algo
tão imprescindível dependia de nós: que para cada criança, jovem, adulto ou
idoso que ali reside, seríamos considerados não apenas uma visita que chega, ou
uma nova amizade que se inicia, ou ainda um padrinho que vem visitar, mas um
novo vínculo que se cria como família: somos a família deles também!
Pela Inclusão e pela Vida!
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