Dia
desses, ao adentrar numa moderna e sortida padaria, daquelas cuja fachada
convidativa se avista as maravilhosas e apetitosas prateleiras de doces
divinos, deparei-me com a figura de uma funcionária uniformizada muito
graciosamente à porta da entrada, encarregada na distribuição da comanda, a
cartela de consumo onde são anotados os gastos e que se paga na saída.
A tal
garota alegre e sorridente com síndrome de Dow, era falante e tomava logo a
iniciativa diante de qualquer passante consumidor.
Expressava-se
com leve dificuldade, porém compreensível, pois eu mesma conseguia ler seus
lábios. Como não consigo me conter diante de cenas assim, fui logo
correspondendo à iniciativa e disse-lhe que fiquei feliz de vê-la trabalhando
ali, diante de tanto movimento, ao que ela agradeceu. Perguntei-lhe se
gostava do que fazia e ela assentiu com a mesma alegria contagiante.
Quis
puxar mais conversa, porém logo percebi que o movimento estava ficando
intenso e não me julgava no direito de desviar seu foco no trabalho.
Logo
pensei: é tão fácil ser feliz, a vida é muito simples! Por que complicar mais
ainda nosso fardo, além da exata medida de cada dia? Aquela
garota poderia estar executando tarefas internas (escondida de tudo e de todos).
Mas não, ela estava ali, bem à vista.
Desempenhava aquela função porque alguém soube reconhecer seu carisma inato, a
exuberância de sua comunicação, a alegria contagiante que, mesmo com toda a
limitação, é uma injeção de ânimo, de esperança e virtude. Mesmo falando com
dificuldade, ela não deixava de comunicar meiguice, vida e expressões
positivas.
Estava
feliz.! Que mais é preciso?
Verdade
seja dita: mesmo que de maneira compulsória, a Lei de Cotas (lei 8213/91)
trouxe avanços para o segmento, pois, com a obrigatoriedade as empresas,
governo, os profissionais e técnicos, pela convivência enxergam as
habilidades e capacidades que as pessoas com deficiência têm no desempenho de
tarefas tão comuns aos demais. E que transformam o ambiente, fazem pensar...
(Extraído do antigo e extinto blog "Inclusão & Sagrado) Pela Inclusão e pela Vida. |
PRETENSÃO
Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Ponto para a Padaria
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