Quem já não se pegou nalguma
vez a observar a simplicidade da mãe, seja numa fala, num gesto ou atitude da
parte dela? E, em seguida, se colocar a falar sobre ou então, preferir o
silencio naquela contemplação?
“Com caixas de cebolas”
Outro dia, numa conversa de
mãe, filha e neta (a neta mais velha que em breve vai se casar), falávamos
sobre as preocupações dos noivos, dos afazeres e responsabilidades diante de
tantas atitudes a serem assumidas; dos pequenos prazeres como também das
dificuldades e dos apertos financeiros pelo qual passam quem se coloca nesta
caminhada... Minha mãe era toda ouvidos. Mais ouvia que falava.
Depois que a neta se retirou, a
correr atrás do tempo, ficamos eu e a mãe ainda na mesa que fora posta para o
café, conversando sobre os detalhes dos ciclos da vida. Ela tomou mais um gole
do seu predileto pretinho e, como que folheando as páginas de suas recordações,
emendou uma pérola cheia de sabedoria, que a princípio me assustei, pois nunca
a ouvira falar sobre o assunto.
- O Casamento é como uma caixa
de cebolas. Ao menos o meu começou assim!
- Hã, mãe? Retruquei. Não
entendi...
- Estou falando de forma
figurada, ela disse. Quando me casei com o teu pai, só tínhamos o básico como
lençol, toalha, fogão, cama e armário. O vestido de noiva comprei à vista com
meu salário, quando nem existia cartão ou cheque. O restante foi “com caixotes
de cebolas”, ou seja, no improviso (no tempo deles eram caixas de madeira com
muita utilidade), referindo-se que o casamento, por mais simples que seja, tem
todo o potencial de fazer e trazer a felicidade do casal, desde que seja
querido e construído juntos. Neste construir a dois descobre-se as virtudes, os
talentos, as aptidões, esforço e dedicação de ambos, que nutre o amor e perpetua
a união.
“Como uma princesa”
De uma colcha nova ela estava
precisando. Mas não se arrisca em pedir.
Quando quer sair, acompanho-a e
incentivo suas iniciativas na compra de algo, não só porque seja necessário,
mas também para elevar a autoestima ao adquirir algo com o próprio salário.
Um dia pediu para comprar um
presente e ajudei na escolha. Na loja de tecidos ficou observando as colchas e
seus respectivos preços. Sugeri a aquisição, mas ela se negou alegando que
havia outras decisões a tomar.
Numa segunda tentativa,
enquanto pagava as contas do mês, ela se afastou um pouco e quando fui
encontrá-la, vi que estava absorta por entre as prateleiras de jogos de cama e
mesa, conferindo a textura dos tecidos e procurando pelas etiquetas de preço.
Perguntei-lhe se ia levar, e outra negativa alegando que o custo estava
salgado.
Aproveitei essas sondagens e,
sem a sua companhia, fui à procura de uma colcha que se aproximasse do seu
gosto. Quando a viu, a felicidade que ela demonstrou foi proporcional à de uma
menininha que não quer tirar a boneca nova da caixa.
Colocamos a colcha sobre a cama
e ela se deitou como que para experimentar as nervuras macias do tecido. Deu um
sorriso bonito e disse:
“Estou me sentindo como uma
princesa!”
Para que nenhuma Mãe seja excluída,
Para que todas as Mães tenham Vida!
FELIZ DIA DAS MÃES!
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