PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

domingo, 8 de maio de 2016

CAIXA DE CEBOLAS



Quem já não se pegou nalguma vez a observar a simplicidade da mãe, seja numa fala, num gesto ou atitude da parte dela? E, em seguida, se colocar a falar sobre ou então, preferir o silencio naquela contemplação?



“Com caixas de cebolas”

Outro dia, numa conversa de mãe, filha e neta (a neta mais velha que em breve vai se casar), falávamos sobre as preocupações dos noivos, dos afazeres e responsabilidades diante de tantas atitudes a serem assumidas; dos pequenos prazeres como também das dificuldades e dos apertos financeiros pelo qual passam quem se coloca nesta caminhada... Minha mãe era toda ouvidos. Mais ouvia que falava.

Depois que a neta se retirou, a correr atrás do tempo, ficamos eu e a mãe ainda na mesa que fora posta para o café, conversando sobre os detalhes dos ciclos da vida. Ela tomou mais um gole do seu predileto pretinho e, como que folheando as páginas de suas recordações, emendou uma pérola cheia de sabedoria, que a princípio me assustei, pois nunca a ouvira falar sobre o assunto.

- O Casamento é como uma caixa de cebolas. Ao menos o meu começou assim!

- Hã, mãe? Retruquei. Não entendi...

- Estou falando de forma figurada, ela disse. Quando me casei com o teu pai, só tínhamos o básico como lençol, toalha, fogão, cama e armário. O vestido de noiva comprei à vista com meu salário, quando nem existia cartão ou cheque. O restante foi “com caixotes de cebolas”, ou seja, no improviso (no tempo deles eram caixas de madeira com muita utilidade), referindo-se que o casamento, por mais simples que seja, tem todo o potencial de fazer e trazer a felicidade do casal, desde que seja querido e construído juntos. Neste construir a dois descobre-se as virtudes, os talentos, as aptidões, esforço e dedicação de ambos, que nutre o amor e perpetua a união.



“Como uma princesa”

De uma colcha nova ela estava precisando. Mas não se arrisca em pedir.

Quando quer sair, acompanho-a e incentivo suas iniciativas na compra de algo, não só porque seja necessário, mas também para elevar a autoestima ao adquirir algo com o próprio salário.

Um dia pediu para comprar um presente e ajudei na escolha. Na loja de tecidos ficou observando as colchas e seus respectivos preços. Sugeri a aquisição, mas ela se negou alegando que havia outras decisões a tomar.

Numa segunda tentativa, enquanto pagava as contas do mês, ela se afastou um pouco e quando fui encontrá-la, vi que estava absorta por entre as prateleiras de jogos de cama e mesa, conferindo a textura dos tecidos e procurando pelas etiquetas de preço. Perguntei-lhe se ia levar, e outra negativa alegando que o custo estava salgado.

Aproveitei essas sondagens e, sem a sua companhia, fui à procura de uma colcha que se aproximasse do seu gosto. Quando a viu, a felicidade que ela demonstrou foi proporcional à de uma menininha que não quer tirar a boneca nova da caixa.

Colocamos a colcha sobre a cama e ela se deitou como que para experimentar as nervuras macias do tecido. Deu um sorriso bonito e disse:

“Estou me sentindo como uma princesa!”





Para que nenhuma Mãe seja excluída,

Para que todas as Mães tenham Vida!

FELIZ DIA DAS MÃES!

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