A forte chuva da noite anterior
deixou as árvores da praça um bocado encharcadas. Pela manhã, a umidade tornou
o local tão agradável para a caminhada que, numa das suas quatro curvas, onde
ficam enfileirados os pinheiros e ciprestes, o ar ali estava tão carregado com
o odor de pinho que faz lembrar o tempo de Natal.
A cada volta completada na
passagem por aquele entorno, fui interrompida cinco vezes seguidas. Todas
oriundas de alguma informação. Cinco sujeitos, seus cinco destinos diversos e
bem naquela mesma curva.
- É hoje, pensei! Deve ser o dia
dos perdidos...
Algumas pessoas não gostam de ser
interrompidas em suas caminhadas, e tem aquelas que sequer cumprimentam. Nem um
olá, nem um bom dia. Embora concorde que numa caminhada não se deve
conversar para não haver sobrecarga na sintonia das passadas com a dupla
coração/pulmões, mas, em se tratando de alguma informação, além de ser um gesto
de cortesia, não creio que alguma palavrinha interfira no rendimento físico. Eu
mesma, aliás, desde que me conheço por gente, sou uma “perguntadora” contumaz.
Quem não pergunta não se acha... A gente tem o mundo pra perguntar!
Voltando ao assunto, a sorte foi
que todos os destinos buscados estavam próximo dali, com exceção do último,
onde uma senhora, ao indagar como faria para chegar a determinado
local, engasgou-se ao engolir o ar e sua prótese dentária se desalinhou
ameaçando saltar fora e obrigando-a levar rapidamente a mão à boca. Esse gesto
fê-la dirigir-me a pergunta com a boca encoberta, justo eu que leio
lábios.
Foi aí que me lembrei do velho
ditado: Quem tem boca vai a Roma! E quem não tem, isto é, quem não fala?
Vai também, com certeza! Não só a
Roma, como a qualquer lugar. Seja pedindo para não barrar os lábios, falando em
Libras, por mímica, seja escrevendo num papel. Vale tudo para quem acredita na
força e criatividade da comunicação. Nada neste mundo é empecilho, desde que se
queira, que se busque.
Então, recomposta do deslize, a
senhora tirou as mãos da boca e perguntou de novo pelo local. Apontei na direção
e ainda falei que era longe e que ela se utilizasse de um ônibus.
- Não filha, gosto de andar! Vou
caminhando e assim queimo as minhas “sobras” também...
Em tempo: uma pesquisa revelou
que caminhar durante meia hora, na velocidade de 100 passos por minuto, ao
menos três vezes por semana faz bem para o coração e pulmões e ainda reduz o
colesterol ruim. Se persistente, melhor ainda. Caminhe você também!
Pela Inclusão e pela Vida.
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