PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

terça-feira, 1 de março de 2016

QUEM TEM BOCA VAI A ROMA?




A forte chuva da noite anterior deixou as árvores da praça um bocado encharcadas. Pela manhã, a umidade tornou o local tão agradável para a caminhada que, numa das suas quatro curvas, onde ficam enfileirados os pinheiros e ciprestes, o ar ali estava tão carregado com o odor de pinho que faz lembrar o tempo de Natal.

A cada volta completada na passagem por aquele entorno, fui interrompida cinco vezes seguidas. Todas oriundas de alguma informação. Cinco sujeitos, seus cinco destinos diversos e bem naquela mesma curva.

- É hoje, pensei! Deve ser o dia dos perdidos...

Algumas pessoas não gostam de ser interrompidas em suas caminhadas, e tem aquelas que sequer cumprimentam. Nem um olá, nem um bom dia. Embora concorde que numa caminhada não se deve conversar para não haver sobrecarga na sintonia das passadas com a dupla coração/pulmões, mas, em se tratando de alguma informação, além de ser um gesto de cortesia, não creio que alguma palavrinha interfira no rendimento físico. Eu mesma, aliás, desde que me conheço por gente, sou uma “perguntadora” contumaz. Quem não pergunta não se acha... A gente tem o mundo pra perguntar!

Voltando ao assunto, a sorte foi que todos os destinos buscados estavam próximo dali, com exceção do último, onde uma senhora, ao indagar como faria para chegar a determinado local, engasgou-se ao engolir o ar e sua prótese dentária se desalinhou ameaçando saltar fora e obrigando-a levar rapidamente a mão à boca. Esse gesto fê-la dirigir-me a pergunta com a boca encoberta, justo eu que leio lábios.

Foi aí que me lembrei do velho ditado: Quem tem boca vai a Roma! E quem não tem, isto é, quem não fala?

Vai também, com certeza! Não só a Roma, como a qualquer lugar. Seja pedindo para não barrar os lábios, falando em Libras, por mímica, seja escrevendo num papel. Vale tudo para quem acredita na força e criatividade da comunicação. Nada neste mundo é empecilho, desde que se queira, que se busque.

Então, recomposta do deslize, a senhora tirou as mãos da boca e perguntou de novo pelo local. Apontei na direção e ainda falei que era longe e que ela se utilizasse de um ônibus.

- Não filha, gosto de andar! Vou caminhando e assim queimo as minhas “sobras” também...


Em tempo: uma pesquisa revelou que caminhar durante meia hora, na velocidade de 100 passos por minuto, ao menos três vezes por semana faz bem para o coração e pulmões e ainda reduz o colesterol ruim. Se persistente, melhor ainda. Caminhe você também!


Pela Inclusão e pela Vida.



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