PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

terça-feira, 15 de abril de 2014

TRÁFICO HUMANO





Fraternidade e Tráfico Humano é o tema da Campanha da Fraternidade de 2014, que está sendo discutido não apenas na Igreja do Brasil entre as comunidades eclesiais, como também entre os setores e organismos sociais que lidam com a vulnerabilidade humana. Teve início por ocasião da Quaresma, mas seu objetivo é que a temática seja discutida no decorrer do ano, pois a problemática que aborda o tráfico não se restringe a um determinado espaço de tempo, visto ser uma ilegalidade constante e rotineira, que exige empenho.

A CF-2014 visa conscientizar cristãos e não cristãos a denunciar, repudiar e prevenir toda e qualquer atividade ligada à exploração humana. Busca também alertar Estado e Sociedade Civil no empenho de coibirem tais ações, para que prevaleça a justiça e o respeito aos direitos humanos.

Num artigo extraído da CNBB, D. Aloisio Dilli - Bispo de Uruguaiana, melhor define a CF ao afirmar: “Em 2014 ocupa-se com todos aqueles e aquelas que são enganados e usados para o tráfico humano, de trabalho, de órgãos e a prostituição. Normalmente o crime organizado está por detrás das diversas modalidades de tráfico humano. As pessoas, geralmente, são atraídas com falsas promessas de melhores condições de vida em outras cidades ou países e ali são cruelmente usadas e escravizadas, gerando fortunas para consciências inescrupulosas e vorazes. A maioria das pessoas traficadas vive em situação de pobreza e grande vulnerabilidade. Isso facilita o aliciamento com falsas promessas de vida melhor”.

Ao participar de um evento na Arquidiocese de São Paulo, num intervalo enquanto folheava as páginas do semanário “O São Paulo” – noticiário do referido arcebispado, deparei-me com material farto e rico na abordagem da problemática do tráfico, em especial, o de crianças. Transcrevo algumas linhas de autoria de Daniel Gomes e Edcarlos Bispo, em conversa com o desembargador Antonio Carlos Malheiros, coordenador de Infância e Juventude do TJSP:

Devem existir políticas sociais adequadas, pois enquanto houver miséria, família que passa fome, o tráfico vai existir”. Para o desembargador, a miséria é a raiz dos problemas ligados ao tráfico humano, principalmente o tráfico de crianças quer seja para exploração sexual, vendas de órgãos ou adoção ilegal. “O traficante ou rouba a criança das mãos dos pais ou compra. ‘O senhor tem oito filhos, está passando fome, me vende três e com o dinheiro que vou lhe dar o senhor vai viver por mais um tempo sem passar fome com os outros filhos’” comenta Malheiros, sugerindo um diálogo hipotético entre um traficante de crianças e um pai que passa por necessidade e se vê na necessidade de vender os filhos.

“O tráfico humano está entre os três tipos de tráfico mais rentáveis do mundo. Mesmo não afirmando com certeza, o desembargador acredita que o tráfico de pessoas só perca para o tráfico de armas.”

“Dentro das questões do tráfico de crianças para a adoção ilegal, existe uma forma chamada “adoção à brasileira” em que a criança é vendida ou furtada de seus pais e acaba sendo registrada pelos compradores como sendo sua filha e logo depois passada para outras famílias...”.

Por ser um texto longo, transcrevi apenas partes, mas que não deixam de mostrar toda a crueza que envolve a vulnerabilidade com que crianças e adolescentes estão expostos aos perigos do tráfico. Vale ressaltar ainda que, em relação ao tráfico para adoção, este envolve pessoas poderosas e influentes – juízes, advogados, promotores - que muitas vezes acaba sendo “protegido” pela própria justiça.

Fica então o desafio que a CF-2014 lança a todos nós, o de não calar nem desviar o olhar de triste realidade. Conscientizar, denunciar e prevenir é a meta para preservar os direitos inerentes da criatura humana.




Pela Inclusão e pela Vida.




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