Nem sequer havia me tocado de
que a prática do yoga tem um fundo musical embutido. Só depois que me inscrevi
e participei da primeira aula – maravilhosa por sinal – é que dei conta não só
da música como também das orientações com que a professora conduziu os
exercícios, inclusive fazendo uma ou outra leitura. Ambas induzem a pessoa a
estar mais perto de si mesma e daquilo que é, pois o yoga trabalha não só o
físico, como também o lado psicológico.
Para quem não ouve e tem
interesse em praticar o yoga, que se pronuncia ‘yôga’ e não ‘yóga’ (a forma
como eu dizia, até aprender o correto), indico de alto e bom tom. Não vejo
impedimento algum, somente benefícios incontáveis para corpo, mente e emoções,
contribuindo para o relaxamento e bem estar.
Já vi pessoas surdas praticando
coisas bárbaras como percussão, teatro e coral, que são atividades trabalhadas
com música também e acompanhadas por profissionais especializados naquelas
áreas. Com relação à prática do yoga, não vi necessidade de adaptação às minhas
particularidades ali, até porque, antes mesmo que fosse buscá-las, a professora
já veio com medidas práticas para que não ficasse no descompasso. Muito legal da parte dela, que faz ver como a inclusão vem dominando os recintos.
Como o yoga é prática que se
adapta ao indivíduo e não o contrário, há necessidade de silêncio exterior e
também interior para que se possam ouvir as vozes que vem de dentro. Para isso,
as janelas ficam semicerradas e as sombras produzidas geram a sensação daquele
sossego que favorece os exercícios e o relaxamento.
Ruídos, vozes e sombras são
palavras que não dominam no universo de pessoas com surdez. Não é a acústica
que vale e sim o visual, logo, se não dá para ouvir os sons e as vozes,
também não se pode ficar nas sombras, sob o risco de não enxergar rostos e os
lábios que ditam a mensagem. É a isto que me refiro diante de situações que
desafiam surdos a explorar uma “outra tribo que não a sua”, que contribui para
alargar mais os horizontes das possibilidades.
A partir daí, medidas simples foram adotadas e correspondidas positivamente:
1. Nos exercícios de alongamento e respiração, estes são feitos de olhos abertos normalmente, na sequência com os demais;
2. Nos exercícios de relaxamento e interiorização, trabalhando a mente e as emoções e os órgãos internos do corpo - com os olhos fechados - a professora dá as dicas antes destes e orienta como deverá ser seguido. Ao final, ela dá um leve, levíssimo toque como que avisando que o tempo está se expirando.
3. Ao final da prática, abrindo vagarosamente as janelas, ela lê uma mensagem (de paz, de gratidão, de virtudes, etc) ou então entrega o livro para que eu leia pessoalmente o conteúdo que já foi ditado aos demais.
Simples e saudável.
Namastê!
Pela Inclusão e pela Vida.
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