PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

terça-feira, 28 de junho de 2016

YOGA SEM SOM?




Nem sequer havia me tocado de que a prática do yoga tem um fundo musical embutido. Só depois que me inscrevi e participei da primeira aula – maravilhosa por sinal – é que dei conta não só da música como também das orientações com que a professora conduziu os exercícios, inclusive fazendo uma ou outra leitura. Ambas induzem a pessoa a estar mais perto de si mesma e daquilo que é, pois o yoga trabalha não só o físico, como também o lado psicológico.

Para quem não ouve e tem interesse em praticar o yoga, que se pronuncia ‘yôga’ e não ‘yóga’ (a forma como eu dizia, até aprender o correto), indico de alto e bom tom. Não vejo impedimento algum, somente benefícios incontáveis para corpo, mente e emoções, contribuindo para o relaxamento e bem estar.

Já vi pessoas surdas praticando coisas bárbaras como percussão, teatro e coral, que são atividades trabalhadas com música também e acompanhadas por profissionais especializados naquelas áreas. Com relação à prática do yoga, não vi necessidade de adaptação às minhas particularidades ali, até porque, antes mesmo que fosse buscá-las, a professora já veio com medidas práticas para que não ficasse no descompasso. Muito legal da parte dela, que faz ver como a inclusão vem dominando os recintos.

Como o yoga é prática que se adapta ao indivíduo e não o contrário, há necessidade de silêncio exterior e também interior para que se possam ouvir as vozes que vem de dentro. Para isso, as janelas ficam semicerradas e as sombras produzidas geram a sensação daquele sossego que favorece os exercícios e o relaxamento.

Ruídos, vozes e sombras são palavras que não dominam no universo de pessoas com surdez. Não é a acústica que vale e sim o visual, logo, se não dá para ouvir os sons e as vozes, também não se pode ficar nas sombras, sob o risco de não enxergar rostos e os lábios que ditam a mensagem. É a isto que me refiro diante de situações que desafiam surdos a explorar uma “outra tribo que não a sua”, que contribui para alargar mais os horizontes das possibilidades.

A partir daí, medidas simples foram adotadas e correspondidas positivamente:

1. Nos exercícios de alongamento e respiração, estes são feitos de olhos abertos normalmente, na sequência com os demais;
2. Nos exercícios de relaxamento e interiorização, trabalhando a mente e as emoções e os órgãos internos do corpo - com os olhos fechados - a professora dá as dicas antes destes e orienta como deverá ser seguido. Ao final, ela dá um leve, levíssimo toque como que avisando que o tempo está se expirando.
3. Ao final da prática, abrindo vagarosamente as janelas, ela lê uma mensagem (de paz, de gratidão, de virtudes, etc) ou então entrega o livro para que eu leia pessoalmente o conteúdo que já foi ditado aos demais.

Simples e saudável.

Namastê!



Pela Inclusão e pela Vida.





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