PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

domingo, 14 de agosto de 2016

PAI QUERIDO



Hoje, por ocasião da data, dedicarei este post para alguém muito especial em minha vida: meu querido pai.
Em breves e simples palavras, deixo o relato de uma vida que, prestes a completar 83 anos, ainda mantém a alegria – sua maior marca - e a fidelidade e disposição para com a família.

Plínio, como ele é conhecido, é o décimo terceiro filho de um total de quinze do casal Eugênio Frizzo e D. Josefa Ramos. Nascido na primavera de 1931, em Jarinu, onde a família estava estabelecida e vivia da lavoura cafeeira no interior do estado. Seu pai foi um dedicado colono italiano que trabalhava a terra e o transporte do café cujas sacas, à época, seguiam em lombo de burro para a estação de Bragança e daí para o porto de Santos.

D. Josefa, a mãe exemplar, mulher franzina e frágil de saúde, mas determinada e de visão aguçada, acreditava que a educação familiar aliada ao estudo é que formava o caráter das pessoas. Não se conformando em ver os numerosos rebentos seguirem o árduo caminho de trabalhar exclusivamente a terra, decidiu que chegara o momento de dar novo rumo à família e colocar as crianças na escola. O “seo” Eugênio, sujeito calmo e que gostava de acarinhar e prosear os filhos quando voltava da lida, deu razão à esposa e a família mudou-se então para Jundiaí.

Vivendo nesta cidade até a adolescência, meu pai e os demais irmãos tiveram também, por influência da mãe, uma profunda formação religiosa, que fazia dela verdadeiro esteio da família. A missa aos domingos e a reza contínua do terço ao anoitecer, e que se alongava nas sextas-feiras, eram sagrados. Ai de quem alegasse sono ou preguiça, cientes de que, à beira do fogão à lenha tinha sempre varas de marmelo – limpas e untadas com banha de porco - à espera dos desordeiros. Quando aplicadas, além do assobio característico, deixavam as marcas passíveis de comentários...

Em 1948 a família se estabeleceu finalmente em Guarulhos e meu pai, que desde adolescente trabalhara como ceramista, agora ingressava na classe metalúrgica, nela permanecendo até a aposentadoria.

Corintiano convicto, o futebol sempre foi uma paixão. As constantes peladas de fim de semana, seguidas de torneios, moldaram-no em exímio canhoto de meio de campo. Convocações e escalações em partidas de final de semana muitas vezes tornavam-se rotineiras, como também um teste de paciência para minha mãe, a então namorada.

Mas o sonho de jogar como profissional no futebol trouxe-lhe a maior decepção da vida quando, então com 24 anos, após convite do São Paulo Esporte Clube, foi logo dispensado, como sendo “já velho” para defender o time.

Em 21 de setembro de 1957 ele selou a união com minha mãe, Maria da Glória. A família se completou com meus três irmãos Marcelo, Marco e Maurício e eu.

Fiel aos ensinamentos de minha avó na educação cristã, na fé e na caminhada da igreja, desempenhou diversas atividades como agente pastoral na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, especialmente na área de catequese com crianças, sua grande predileção.

Mesmo com o passar dos anos, dos percalços da idade, continua alegre e comunicativo. Gosta de uma boa prosa sem pressa e de contar causos. Aprecia a música sertaneja raiz. Mantém ainda vivo o hábito de fazer horta, de plantar árvores e lidar na criação de aves.

Hoje tem oito netos e deslumbra-se ao ouvir suas brincadeiras, suas histórias e aprendizado em tempos globalizados. O que faz com que nunca deixe de dar sua opinião, seus conselhos e filosofia de fé e de vida.

Meu querido pai, agradeço ao Pai do Céu que te escolheu para ser meu pai! Sou muito feliz com tudo que aprendi e vivi sob sua guarda, proteção e companhia. Peço a Ele que te abençoe sempre, mantendo aquela fé de que sem Jesus nesta vida, nada somos e nada podemos. E continue sendo exemplo para tantos pais, de quem acredita no valor da família, da solidariedade e da espiritualidade. Com a sua benção...







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