Hoje, por ocasião da data, dedicarei este post para alguém muito
especial em minha vida: meu querido pai.
Em breves e simples palavras, deixo o relato de uma vida que, prestes a
completar 83 anos, ainda mantém a alegria – sua maior marca - e a fidelidade e
disposição para com a família.
Plínio, como ele é conhecido, é o décimo terceiro filho de um total de
quinze do casal Eugênio Frizzo e D. Josefa Ramos. Nascido na primavera de 1931,
em Jarinu, onde a família estava estabelecida e vivia da lavoura cafeeira no
interior do estado. Seu pai foi um dedicado colono italiano que trabalhava a
terra e o transporte do café cujas sacas, à época, seguiam em lombo de burro
para a estação de Bragança e daí para o porto de Santos.
D. Josefa, a mãe exemplar, mulher franzina e frágil de saúde, mas
determinada e de visão aguçada, acreditava que a educação familiar aliada ao
estudo é que formava o caráter das pessoas. Não se conformando em ver os
numerosos rebentos seguirem o árduo caminho de trabalhar exclusivamente a
terra, decidiu que chegara o momento de dar novo rumo à família e colocar as
crianças na escola. O “seo” Eugênio, sujeito calmo e que gostava de acarinhar e
prosear os filhos quando voltava da lida, deu razão à esposa e a família
mudou-se então para Jundiaí.
Vivendo nesta cidade até a adolescência, meu pai e os demais irmãos
tiveram também, por influência da mãe, uma profunda formação religiosa, que
fazia dela verdadeiro esteio da família. A missa aos domingos e a reza contínua
do terço ao anoitecer, e que se alongava nas sextas-feiras, eram sagrados. Ai
de quem alegasse sono ou preguiça, cientes de que, à beira do
fogão à lenha tinha sempre varas de marmelo – limpas e untadas com banha de
porco - à espera dos desordeiros. Quando aplicadas, além do assobio característico, deixavam as marcas passíveis de comentários...
Em 1948 a família se estabeleceu finalmente em Guarulhos e meu pai, que
desde adolescente trabalhara como ceramista, agora ingressava na classe
metalúrgica, nela permanecendo até a aposentadoria.
Corintiano convicto, o futebol sempre foi uma paixão. As constantes peladas
de fim de semana, seguidas de torneios, moldaram-no em exímio canhoto de meio
de campo. Convocações e escalações em partidas de final de semana muitas vezes
tornavam-se rotineiras, como também um teste de paciência para minha mãe, a
então namorada.
Mas o sonho de jogar como profissional no futebol trouxe-lhe a maior
decepção da vida quando, então com 24 anos, após convite do São Paulo Esporte
Clube, foi logo dispensado, como sendo “já velho” para defender o time.
Em 21 de setembro de 1957 ele selou a união com minha mãe, Maria da
Glória. A família se completou com meus três irmãos Marcelo, Marco e Maurício e
eu.
Fiel aos ensinamentos de minha avó na educação cristã, na fé e na
caminhada da igreja, desempenhou diversas atividades como agente pastoral na
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Guarulhos, especialmente na área
de catequese com crianças, sua grande predileção.
Mesmo com o passar dos anos, dos percalços da idade, continua alegre e
comunicativo. Gosta de uma boa prosa sem pressa e de contar causos. Aprecia a
música sertaneja raiz. Mantém ainda vivo o hábito de fazer horta, de plantar
árvores e lidar na criação de aves.
Hoje tem oito netos e deslumbra-se ao ouvir suas brincadeiras, suas histórias
e aprendizado em tempos globalizados. O que faz com que nunca deixe de dar sua
opinião, seus conselhos e filosofia de fé e de vida.
Meu querido pai, agradeço ao Pai do Céu que te escolheu para ser meu pai!
Sou muito feliz com tudo que aprendi e vivi sob sua guarda, proteção e
companhia. Peço a Ele que te abençoe sempre, mantendo aquela fé de que sem
Jesus nesta vida, nada somos e nada podemos. E continue sendo exemplo para
tantos pais, de quem acredita no valor da família, da solidariedade e da
espiritualidade. Com a sua benção...
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