Conheci
uma pessoa que não gosta de flores. Nem dentro ou fora de casa. E nem de
árvores, nem de grama ou capim.
Não
tem nenhum jardim na casa, senão um pequeno canto de terra, mas que trata de
eliminar logo quaisquer resquícios de vida verde que possa germinar dali. Tudo tem
que ser eliminado, limpo, varrido... Como dissociar a vida humana da vegetal? Tão
estranho... Tão excêntrico, mas fazer o quê?
Tão
ao contrário, amo a vida vegetal, plantas e flores. O cheiro de terra molhada
depois da chuva, bem como dos compostos que se mistura à terra para plantio,
nutrição ou reforço. Gosto do cheiro do mar, que faz evaporar nas narinas o sal
úmido que carrega consigo o iodo e outros aditivos saudáveis ao organismo.
Acredito
na simbiose que há no cosmos. Homem, água, terra, plantas e seres vivos têm uma
relação de interdependência essencial e que dá sentido ao existir.
Falando
em existência, após muitas tentativas e erros, aprendi a cuidar de orquídeas.
Foi lidando com a delicadeza dessas plantas que passei a observar melhor como
dispensar cuidados que não fossem excessivos a ponto de causar a morte por
excesso de adubação ou de água, um canto abrigado do vento e do sol, das
pragas, etc.
Paciência
foi a palavra chave desse aprendizado. E também a esperança, no anseio por ver
a reação da planta, da sobrevivência, do despontar das primeiras folhas e
brotos. Trata-se de uma relação que vai sendo correspondida à medida que se
percebe as reações, os sinais emitidos pelo vegetal.
Dizem
que não se deve olhar demais para as plantas, nem tocar, nem apontar. Que elas
sentem e murcham, morrem até.
Mas
como não? Se há toda uma relação de necessidade de cuidados, de podas e aparas,
de revolver a terra, de combater as pragas. Não é assim também a relação de um
agricultor? Este que tem as mãos grosseiras e toscas, mas que são sentidas na
leveza de uma seda...
E
chegando a Primavera, que prazer maior aos olhos ao se vislumbrar os brotos novos,
os rebentos prontos a abrir na busca da luz, do calor e das cores.
Primavera,
ela que anuncia a vida depois do obscuro inverno,
No
desabrochar dos primeiros rebentos, do verde clarinho...
Faz
todas as formas, pinceladas de cores,
Que
chama para a alegria e a ternura. A bondade e o carinho.
Chama,
convida a crer na esperança. A ter paciência. E viver
o amor!
Pela Inclusão e pela Vida.
Pela Inclusão e pela Vida.
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