Primeiro,
não queremos perder.
É
lógico não querer perder. Não deveríamos ter de perder nada: nem saúde, nem
afetos, nem pessoas amadas. Mas a realidade é outra: experimentamos uma
constante alternância de ganhos e perdas...
Segundo,
perder dói mesmo.
Não
há como não sofrer, é tolice dizer “não sofra, não chore”. A dor é importante,
também o luto.
Terceiro,
precisamos de recursos internos para enfrentar tragédia e dor.
O
apoio dos outros, o abraço, o ouvido e o colo, até a comida na boca são
relativos e passageiros. A força decisiva terá de vir de nós: de onde foi
depositada a nossa bagagem. Lidar com a perda vai depender do que encontraremos
ali.
A
tragédia faz emergir forças insuspeitadas em algumas pessoas. Por mais
devorador que seja, o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer.
Às
vezes a gente tem que se permitir sofrer, ou permitir que o outro sofra.
Todos
nós, amigos, família, terapeutas, médicos sentimos duramente nossa própria
limitação quando alguém sofre e não podemos ajudar. Em certos momentos é melhor
não tentar interferir, apenas oferecer nossa presença e atender se formos
chamados.
Quando
é hora de sofrer não teremos de pedir licença para sentir – e esgotar – a dor.
Quem
sabe, perder nos faça amar melhor isso que só nos será tirado no último
instante: a própria vida.
Aprender
a perder a pessoa amada é afinal, aprender a ganhar-se a si mesmo, e ganhar de
outra forma – realmente assumindo – todo o bem que ela representava (mas no
cotidiano a gente nem se dava conta).
Não
há palavra amiga nem gesto que possam ajudar. É preciso esperar a ação do tempo
– que não é apenas um devorador de dias e horas, mas um enfermeiro eficiente.
A
morte torna a vida tão importante!
Porque
vamos morrer, precisamos poder dizer hoje que amamos, fazer hoje o que
desejamos tanto, abraçar hoje o filho ou o amigo. Temos de ser decentes hoje,
generosos hoje... Devíamos tentar ser felizes hoje.
A
morte não nos persegue: apenas espera, pois nós é que corremos para o colo
dela. O melhor de tudo é que ela nos lembra de nossa transcendência.
Aprendi
que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria
que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e
projetos até impossíveis.
Coletâneas colhidas do livro “Perdas
& Ganhos” - Lya Luft
Pela Inclusão e pela Vida.
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