PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

PERDER DÓI!




Primeiro, não queremos perder.

É lógico não querer perder. Não deveríamos ter de perder nada: nem saúde, nem afetos, nem pessoas amadas. Mas a realidade é outra: experimentamos uma constante alternância de ganhos e perdas...

Segundo, perder dói mesmo.

Não há como não sofrer, é tolice dizer “não sofra, não chore”. A dor é importante, também o luto.

Terceiro, precisamos de recursos internos para enfrentar tragédia e dor.

O apoio dos outros, o abraço, o ouvido e o colo, até a comida na boca são relativos e passageiros. A força decisiva terá de vir de nós: de onde foi depositada a nossa bagagem. Lidar com a perda vai depender do que encontraremos ali.

A tragédia faz emergir forças insuspeitadas em algumas pessoas. Por mais devorador que seja, o mesmo sofrimento que derruba faz voltar a crescer.

Às vezes a gente tem que se permitir sofrer, ou permitir que o outro sofra.

Todos nós, amigos, família, terapeutas, médicos sentimos duramente nossa própria limitação quando alguém sofre e não podemos ajudar. Em certos momentos é melhor não tentar interferir, apenas oferecer nossa presença e atender se formos chamados.

Quando é hora de sofrer não teremos de pedir licença para sentir – e esgotar – a dor.

Quem sabe, perder nos faça amar melhor isso que só nos será tirado no último instante: a própria vida.

Aprender a perder a pessoa amada é afinal, aprender a ganhar-se a si mesmo, e ganhar de outra forma – realmente assumindo – todo o bem que ela representava (mas no cotidiano a gente nem se dava conta).

Não há palavra amiga nem gesto que possam ajudar. É preciso esperar a ação do tempo – que não é apenas um devorador de dias e horas, mas um enfermeiro eficiente.

A morte torna a vida tão importante!
Porque vamos morrer, precisamos poder dizer hoje que amamos, fazer hoje o que desejamos tanto, abraçar hoje o filho ou o amigo. Temos de ser decentes hoje, generosos hoje... Devíamos tentar ser felizes hoje.

A morte não nos persegue: apenas espera, pois nós é que corremos para o colo dela. O melhor de tudo é que ela nos lembra de nossa transcendência.

Aprendi que a melhor homenagem que posso fazer a quem se foi é viver como ele gostaria que eu vivesse: bem, integralmente, saudavelmente, com alegrias possíveis e projetos até impossíveis.




Coletâneas colhidas do livro “Perdas & Ganhos” - Lya Luft




Pela Inclusão e pela Vida.





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