PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

LIÇÃO DE CASA






Lições que podem ser aprendidas com as Paralimpíadas.

Doze dias de competições esportivas envolvendo milhares de pessoas com diversas deficiências dos quatro cantos do planeta, foram mais que suficientes para emocionar e tocar a todos nós, simples mortais.

Mais que falar em cifras, em pódios e medalhas, prefiro falar das mensagens, histórias de vida, de motivação, de resultados e de inspiração que tantos atletas deixaram para nós brasileiros, donos da casa, como também para o mundo.

Quem não se impressionou com aquele atleta que se utilizou dos pés na modalidade arco e flecha? Que dizer daqueles tantos corredores exímios em suas próteses de carbono? E os chineses sem braços e sem pernas que abocanharam tantas medalhas na natação...

Falando da casa, a nossa potiguar Joana, com nanismo, surpreendeu se classificando entre outras “gigantes” perto dela. Nossa “magrela” Verônica, tão encantadora na alegria e simplicidade, correndo mesmo com um tumor na cabeça. E o que dizer da emoção e suavidade com que a égua Coco Chanel se deixava conduzir, como que pisando sobre algodão, sob os comandos de um cavaleiro em estado permanente de agitação como o Sérgio Oliva, um paralisado cerebral, irradiando a uniformidade das diferenças. Sobre o Daniel então...

Sim, motivações são tantas. E pensar que todos esses atletas não buscaram em nenhum momento serem vistos pelos esforços que travaram nas adversidades, muito mais pelos resultados que alcançaram correndo atrás da meta com coragem, empenho e ousadia. Esporte também se faz com fé, garra e amor. Que motivação maior?

Vislumbrando todo o panorama que se descortinou a nossos olhos, há lições que todos podemos aprender e, se quisermos, seguir adiante:

Primeira lição: Não somos perfeitos

A perfeição só pertence a Deus.  E nossas imperfeições - sejam elas físicas, emocionais, psicológicas e espirituais - devem ser vistas como degraus, um a um, que nos levam a querer ser pessoas melhores, abertas e motivadas para a vida.

Segunda lição: Não somos coitados

O sinônimo de coitado é desgraçado. Ora, é um termo muito forte para se referir a determinadas situações na vida. Claro, os problemas nos acompanham, as dificuldades fazem parte do dia a dia, onde tudo é relativo e passageiro. Mas falar em des-graça dá uma conotação de pessimismo, de negativismo de quem não aprendeu a apreciar e amar a vida em seus altos e baixos.

Terceira lição: Todos somos capazes

Capacidade é uma palavra forte e bonita, quem sabe fazer bom uso dela aprendeu que ela é inata ao ser humano, inerente à nossa natureza. Que não apenas sabe aplicá-la na vida, como também passa adiante como um valor criativo e operoso. A capacidade está sempre nos questionando: Do que sou capaz? O que pretendo alcançar? Como chegar lá? Com que meios posso contar?

Quarta lição: Superação deve ser a meta

Partindo do princípio de que, para todo problema sempre há uma solução, também nas adversidades há sempre uma porta de saída. Ora, encontrar a saída é o meio de transformar o estado em que se encontra. Pessoas que sabem enxergar as dificuldades e as limitações não como uma situação limite, mas descobrem nela mecanismos em que há uma mola propulsora, impulsionando de uma situação desfavorável para outra favorável. A humildade e a serenidade são ferramentas importantes nessa transformação.

Quinta lição: Mudar os paradigmas

A começar por nossos conceitos arraigados, estereotipados e discriminatórios em relação às pessoas de cor, condição, credo, cultura, opção ou situação. Ninguém é melhor do que ninguém. Respeitar e conviver juntos comporta alterar nossos modelos de linguagem, do uso da escrita e do pensamento, da ideologia em favor de uma convivência pacífica e respeitosa, torna o mundo muito melhor, mais plural.

Sexta lição: Ser feliz com o que se é

Esta foi a mensagem pelo qual me senti muito tocada. Não sei o nome da nossa atleta que assim o disse à repórter, num lance rápido, transmitido pela TV e que não havia legenda. O que pude captar nos lábios da cadeirante, da mensagem, foi que ela estava muito feliz ali no Rio, que veio competir como muitos também vieram, e que não levou nenhuma medalha. Mas que esse não era o mais importante para ela, e sim o que deixou de seu ali: o sonho, o desempenho, o esforço. Objetivo alcançado!



“Quem sabe faz a hora. Não espera acontecer...”



Pela Inclusão e pela Vida!




Nenhum comentário:

Postar um comentário