Lições que podem ser
aprendidas com as Paralimpíadas.
Doze dias de competições
esportivas envolvendo milhares de pessoas com diversas deficiências dos quatro
cantos do planeta, foram mais que suficientes para emocionar e tocar a todos
nós, simples mortais.
Mais que falar em cifras, em
pódios e medalhas, prefiro falar das mensagens, histórias de vida, de
motivação, de resultados e de inspiração que tantos atletas deixaram para nós
brasileiros, donos da casa, como também para o mundo.
Quem não se impressionou com aquele
atleta que se utilizou dos pés na modalidade arco e flecha? Que dizer daqueles
tantos corredores exímios em suas próteses de carbono? E os chineses sem braços
e sem pernas que abocanharam tantas medalhas na natação...
Falando da casa, a nossa
potiguar Joana, com nanismo, surpreendeu se classificando entre outras “gigantes”
perto dela. Nossa “magrela” Verônica, tão encantadora na alegria e simplicidade,
correndo mesmo com um tumor na cabeça. E o que dizer da emoção e suavidade com
que a égua Coco Chanel se deixava conduzir, como que pisando sobre algodão, sob
os comandos de um cavaleiro em estado permanente de agitação como o Sérgio Oliva,
um paralisado cerebral, irradiando a uniformidade das diferenças. Sobre o
Daniel então...
Sim, motivações são tantas. E pensar
que todos esses atletas não buscaram em nenhum momento serem vistos pelos
esforços que travaram nas adversidades, muito mais pelos resultados que
alcançaram correndo atrás da meta com coragem, empenho e ousadia. Esporte
também se faz com fé, garra e amor. Que motivação maior?
Vislumbrando todo o panorama
que se descortinou a nossos olhos, há lições que todos podemos aprender e, se quisermos,
seguir adiante:
Primeira
lição: Não somos perfeitos
A perfeição só pertence a Deus.
E nossas imperfeições - sejam elas
físicas, emocionais, psicológicas e espirituais - devem ser vistas como degraus,
um a um, que nos levam a querer ser pessoas melhores, abertas e motivadas para
a vida.
Segunda
lição: Não somos coitados
O sinônimo de coitado é
desgraçado. Ora, é um termo muito forte para se referir a determinadas situações
na vida. Claro, os problemas nos acompanham, as dificuldades fazem parte do dia
a dia, onde tudo é relativo e passageiro. Mas falar em des-graça dá uma
conotação de pessimismo, de negativismo de quem não aprendeu a apreciar e amar
a vida em seus altos e baixos.
Terceira
lição: Todos somos capazes
Capacidade é uma palavra forte
e bonita, quem sabe fazer bom uso dela aprendeu que ela é inata ao ser humano,
inerente à nossa natureza. Que não apenas sabe aplicá-la na vida, como também
passa adiante como um valor criativo e operoso. A capacidade está sempre nos
questionando: Do que sou capaz? O que pretendo alcançar? Como chegar lá? Com
que meios posso contar?
Quarta
lição: Superação deve ser a meta
Partindo do princípio de que,
para todo problema sempre há uma solução, também nas adversidades há sempre uma
porta de saída. Ora, encontrar a saída é o meio de transformar o estado em que
se encontra. Pessoas que sabem enxergar as dificuldades e as limitações não como
uma situação limite, mas descobrem nela mecanismos em que há uma mola
propulsora, impulsionando de uma situação desfavorável para outra favorável. A
humildade e a serenidade são ferramentas importantes nessa transformação.
Quinta
lição: Mudar os paradigmas
A começar por nossos conceitos
arraigados, estereotipados e discriminatórios em relação às pessoas de cor,
condição, credo, cultura, opção ou situação. Ninguém é melhor do que ninguém. Respeitar
e conviver juntos comporta alterar nossos modelos de linguagem, do uso da
escrita e do pensamento, da ideologia em favor de uma convivência pacífica e
respeitosa, torna o mundo muito melhor, mais plural.
Sexta
lição: Ser feliz com o que se é
Esta foi a mensagem pelo qual
me senti muito tocada. Não sei o nome da nossa atleta que assim o disse à repórter, num lance rápido, transmitido pela TV e que não havia legenda. O que pude
captar nos lábios da cadeirante, da mensagem, foi que ela estava muito feliz
ali no Rio, que veio competir como muitos também vieram, e que não levou
nenhuma medalha. Mas que esse não era o mais importante para ela, e sim o que
deixou de seu ali: o sonho, o desempenho, o esforço. Objetivo alcançado!
“Quem
sabe faz a hora. Não espera acontecer...”
Pela Inclusão e pela Vida!
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