Tia Lucília não para nunca! Uma
vida inteira dedicada ao trabalho pastoral na comunidade de São Judas Tadeu.
Nos últimos anos redirecionou seu trabalho para uma instituição filantrópica “Ágape”
que ela mesma ajudou a fundar, com objetivo de promover pessoas com diversas
deficiências, ela que é mãe de um filho com paraplegia e tem uma nora semi-tetraplégica.
Daí não parou mais, pois ela
vive o sonho e é feliz!
Já perdi a conta de quantas
vezes me pediu para ajudá-la no trabalho social. Difícil convencê-la de que já
estava comprometida há muitos anos numa outra instituição. A verdade é que
cheguei num determinado momento da vida que escolhi não gerenciar mais, deixar
de delegar, de ser cacique e sair de cena. E escolhi ser índio, simplesmente
fazer, por mais simples que seja, e ser feliz com isso.
Assim seguimos nossos caminhos.
O que realmente importa é que eles nos impulsionam, através do espírito solidário,
a sonhar com a inclusão, num mundo mais humano e feliz.
Como disse, marquei uma visita,
mas não a encontrei. Resolvi procurar por ela na instituição. Descobri-a
entretida no bazar, catalogando roupas e objetos que são colocados à venda e
revertem na manutenção da casa. Nossa conversa que já era curta, foi
interrompida várias vezes, tão requisitada ela é. Fui então garimpar algo
interessante.
Encontrei um pequeno quadro
afixado no corredor. Sobre um plano de fundo com o céu azul, havia uma bonita
plantação de flores amarelas. E uma mensagem bela, tão humana, tão profunda, assim
rezava:
SENHOR,
Dono das panelas e marmitas!
Não posso ser a santa que medita aos vossos pés.
Não posso bordar toalhas para o vosso altar.
Então, que eu seja santa ao pé do meu fogão.
Que o vosso amor esquente a chama que eu acendi.
E faça calar minha vontade de gemer minha miséria.
Eu tenho as mãos de Marta, mas quero também ter a alma de
Maria.
Quando eu lavar o chão, lavai, Senhor, os meus pecados.
Quando eu puser na mesa, a comida, comei também, Senhor,
junto conosco.
É ao meu Senhor que eu sirvo, servindo a minha família.
(Oração de uma camponesa de Madagascar - Coletânea de Raimundo Cintra, frei dominicano que reuniu orações de diversas culturas).
(Oração de uma camponesa de Madagascar - Coletânea de Raimundo Cintra, frei dominicano que reuniu orações de diversas culturas).
Quanto ao quadro, não estava à venda.
Combina melhor naquela parede, junto à figura ativa da tia Lucília, ela que já
bordou tantas toalhas para o altar...
(Post publicado em 29 de setembro de 2016. Repostado hoje em memória da tia Lucília,que fez sua Páscoa)
Pela Inclusão e pela vida!
Nenhum comentário:
Postar um comentário