Terra Nossa, Liberdade
Esta é a Terra nossa:
A Liberdade,
Humanos!
Esta é a Terra nossa:
A de todos,
Irmãos!
A Terra dos homens
Que caminham por ela,
Pé descalço e pobre.
Que nela nascem, dela,
Para crescer com ela,
Como troncos de Espírito e de Carne.
Que se enterram nela,
Como semeadura
De Cinzas e de Espírito,
Para fazê-la fecunda como uma esposa mãe.
Que se entregam a ela,
cada dia,
E a entregam a Deus e ao Universo,
Em pensamento e suor,
Em sua alegria,
E em sua dor,
Como olhar
E com a enxada
E com o verso.
Prostitutos cridos
Da mãe comum,
Seus malnascidos!
Malditas sejam
As cercas vossas,
As que vos cercam
Por dentro,
Gordos,
Sós,
Como porcos cevados;
Fechando,
Com seu arame e seus títulos,
Fora de vosso amor,
Aos irmãos!
(Fora de seus direitos,
Seus filhos
E seus prantos
E seus mortos,
Seus braços e seu arroz!)
Fechando-os
Fora dos irmãos
E de Deus!
Malditas sejam
todas as cercas
Malditas todas as
Propriedades privadas
Que nos privam
De viver e de amar!
Malditas sejam todas as leis,
Amanhadas por umas poucas mãos
Para ampararem cercas e bois
E fazer a Terra, escrava
E escravos os humanos!
Outra é a Terra nossa, homens, todos!
A humana Terra livre, irmãos!
Dom Pedro Casaldáliga, "ANTOLOGIA RETIRANTE"
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