PRETENSÃO

Ampliar os horizontes da inclusão é a pretensão deste blog. E inclusão não apenas entendida como movimento de pessoas com deficiência, senão também abordar a ecologia, os movimentos de luta por direitos e cidadania, etc. Falar de inclusão, portanto, significa acolher o meio e todas as pessoas. Significa também respeitar e tolerar a singularidade, fazendo da compreensão uma forma de convivência pacífica e plural. Na inclusão ninguém pode ficar de fora!

sexta-feira, 12 de julho de 2013

CARTILHA BLISS

CARTILHA BLISS


“Agora vemos como em espelho e de maneira confusa; Mas depois veremos face a face.
Agora o meu conhecimento é limitado, mas depois conhecerei como sou conhecido.” 1Cor 13,12

COMUNICAÇÃO PELO SISTEMA BLISS
Reservei esta coluna para falar aqui no blog sobre o Sistema Bliss de Comunicação.

Resolvi abrir este espacinho para informar a tantos quantos queiram ou se interessem em saber do que se trata o Sistema Bliss. Já tive essa informação há vários anos, mas confesso que “não corri atrás” para descobrir do que realmente se tratava. Hoje, convivendo semanalmente com pessoas com paralisia cerebral, dei-me conta do quão importante é este sistema na vida de algumas delas, cuja comunicação não é feita verbalmente, mas por meio de símbolos e figuras que, associadas, irão formando as palavras de modo que, juntando-as, formarão a frase completa a ser finalmente comunicada.

Vale lembrar que a maioria destas pessoas ouvem e captam a nossa mensagem, mas o retorno (a sua resposta à nossa mensagem) é feito através do sistema Bliss.

Na instituição, os usuários deste sistema têm a sua pasta própria (geralmente carregam-na na bolsa junto à cadeira de rodas) ou numa prancha ilustrada sobre a própria cadeira.

Confesso que, cada vez que abro esta pasta ou vejo a prancha, fico insegura pela minha falta de familiaridade com o modo de executá-la, o que não é tão simples, principalmente para quem não ouve. Porém, não deixa de ser um desafio.

A combinação de símbolos, por exemplo, de “sol+copo+água=sede” ou “prato+comida=fome”, é muito prática, ora, para se chegar a esta conclusão é necessário ir deslizando os dedos nas figuras até que o interlocutor sinalize com movimentos da cabeça (sim ou não) ou ainda, de som afirmativo ou negativo à figura desejada, que irá se juntar à outra e mais outra, de modo a formar então a palavra e depois a frase inteira, que será a sua mensagem ao outro interlocutor.

Complexo não?

Também acho e com a agravante de que eu não ouço a pouca voz ou os balbucios deles, o que torna mais lenta a comunicação. Para um ouvinte até que se torna mais rápida a captação da mensagem, porque neste caso não há necessidade de desviar os olhos da tabela a toda hora, só para ver qual a expressão que o outro está transmitindo.

Ô mundão de Deus! Quanto mistério a descobrir nas relações.

E, enquanto vou arranhando, engatinhando na nova experiência, ao mesmo tempo vou degustando o quanto o universo e o ser humano são tão complexos, com tanto aprendizado por descobrir.

Para quem não conhece, o Sistema Bliss é uma tabela de figuras e símbolos utilizados para comunicação não verbal, especialmente com as pessoas com paralisia cerebral.

Veja abaixo uma pequena transcrição do Sistema Bliss de Comunicação:

“A partir da década de 70 surgem novas concepções a respeito da imagem do indivíduo com deficiência, que será visto não somente pelos seus comprometimentos e lesões, mas pelas suas potencialidades, visualizando sua integração e inclusão social.

Até então, a abordagem oralista era predominante nas intervenções em reabilitação (Ex.: deficiência auditiva). Porém, com esta nova concepção da pessoa com deficiência à ação social da comunicação torna-se mais relevante. Desta forma, como o objetivo do trabalho passa a ser a integração e inclusão social do indivíduo, desenvolvem-se pesquisas voltadas às dificuldades de comunicação com outro enfoque, além da preocupação com o aspecto oral.

Em 1971, profissionais da equipe do "Ontário Crippled Children's Centre", Toronto, Canadá, desenvolveram pesquisas destinadas a encontrar um meio alternativo de comunicação para crianças portadoras de distúrbios neuro-motores, que não manifestavam a fala funcional. Apesar de investigarem os diversos métodos empregados em entidades especializadas no processo de ensino/tratamento de crianças em situações semelhantes, constataram que tais formas eram insatisfatórias e limitavam o desempenho linguístico a uns poucos contextos, desfavorecendo as diversas situações de comunicação (Moreira e Chun, 1997).

Frente a esta dificuldade, descobriram em "Signs and Symbols around the World", de Elizabeth Helfman, um sistema simbólico internacional criado por Charles K. Bliss (baseado na escrita pictográfica chinesa e nas idéias do filósofo Leibniz), o Blissymbolics - Sistema Bliss de Comunicação.

O objetivo do autor era o de desenvolver uma forma de linguagem universal entre os homens (desenvolvido entre 1942 e 1965), ou seja, um instrumento de comunicação mundial. Portanto, o sistema não foi inicialmente destinado a portadores de distúrbios de comunicação, começando a ser usado com esta finalidade em 1971 (após algumas adaptações realizadas em conjunto com C. Bliss) pela equipe canadence, mais especificamente por Shirley MacNaughton.

Inicialmente o método foi aplicado em crianças não falantes portadores de paralisia cerebral, sendo posteriormente introduzido em outras patologias como retardo mental, afasia, autismo, entre outras.

A partir de 1974, o uso do Sistema Bliss de Comunicação amplia-se para além daquele Centro. Em 1975, foi criada a Blissymbolics Communication Foundation, atualmente Blissymbolics Communication International (Toronto).

No Brasil, uma das instituições pioneiras na introdução deste sistema é a Associação Educacional Quero-Quero de Reabilitação Motora e Educação Especial, que implantou o método a partir de 1978.”

Este texto foi parcialmente extraído da abordagem sobre o Sistema Bliss de Comunicação, de Luciana Della Nina Verzoni, publicado em 28/05/2011 no site Bengala Legal – www.bengalalegal.com

Inclusão é vida.


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